TRÁFICO DE ANIMAIS DO BRASIL RENDE MAIS DE 1 BILHÃO DE DÓLARES POR ANO
2001-10-23
Dono de algumas das mais importantes reservas naturais do planeta, o Brasil convive também com uma das modalidades de crime mais rentáveis do mundo: o tráfico de animais. Segundo um relatório que acaba de ser concluído pela Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), são pilhados da fauna brasileira anualmente mais de 12 milhões de animais. Trata-se de um negócio que movimenta em torno e de 1 bilhão de dólares por ano. Esse total significa cerca de 10% do tráfico mundial de animais silvestres. Em termos financeiros, é uma prática criminosa que só perde para o contrabando de armas e para o tráfico de drogas. O relatório estima que existam no país de 300 a 400 grupos de traficantes organizados, muito ligados também ao narcotráfico, especializados em capturar e distribuir os animais. No Brasil, esse tráfico é estimulado por pessoas que pagam até 1.000 reais por uma arara ou 150 reais por um papagaio. Mas esse é o menor dos problemas. Levantamento feito por ambientalistas nos registros de apreensão do Ibama na Bahia identificou 146 espécies diferentes traficadas no Estado. Dessas, quase dois terços provêm de outras áreas do país. Cerca de 90% dos animais apreendidos nas mãos de traficantes na Bahia são aves que seriam vendidas como bichos de estimação. Um terço dos animais capturados nas matas e florestas do Brasil vai para o exterior, informa o relatório da Renctas. Pouca gente sabe que, além dos danos à natureza, o comércio de animais silvestres oferece riscos à saúde dos desavisados. A floresta é um reservatório de microrganismos que a ciência não conhece plenamente, e o animal retirado do seu habitat pode levar consigo alguma bomba biológica. Uma das doenças mais perigosas é a psitacose, transmitida por papagaios e araras. Ela ataca o sistema nervoso e respiratório e provoca hemorragias. Macacos, por sua vez, hospedam o vírus da febre amarela. (Veja/149, 22/10)