Efeito estufa beneficiaria o Norte e prejudicaria o Sul da Europa
2007-01-08
O Norte da Europa poderá se beneficiar do aquecimento do planeta, ao contrário do que acontecerá com os países do mediterrâneo, que poderão sofrer da escassez de água e de uma forte queda do turismo a partir de meados do século.
Essas são as previsões do estudo mais completo já feito até agora sobre os efeitos das mudanças climáticas no continente europeu, que será submetido à aprovação da Comissão Européia na próxima semana e que foi publicado pelo jornal Financial Times.
Como conseqüência do chamado "Efeito estufa" menos pessoas da Europa Setentrional morrerão de frio que agora, e a costa do mar do Norte poderá se transformar em uma nova "Riviera". Ao mesmo tempo as migrações anuais dos ricos europeus do Norte para o Sul deixaria de acontecer, impactando fortemente o turismo na região, que inclui Espanha, Grécia e Itália.
Um sexto dos turistas do mundo - ou 100 milhões de pessoas por ano - se dirigem habitualmente para o Sul em suas férias e gastam cerca de 100 bilhões de euros na região. “Quanto mais os turistas ficarem em casa ou forem para outros destinos, maior será o impacto distributivo sobre a Europa”, diz o documento obtido pelo jornal britânico.
No Norte morrerá menos gente de frio, mas o contrário acontecerá no Sul, onde dezenas de milhares de pessoas mais que agora sucumbirão aos efeitos do calor ao mesmo tempo em que haverá aumento da desertificação e de incêndios. Se a alta das temperaturas fosse de 3%, o número anual de mortes por calor se elevaria em 87 mil em 2071, segundo os cálculos dos especialistas.
Caso os esforços para reduzir as emissões dos gases de efeito estufa consigam limitar o aumento das temperaturas a 2,2%, o número de mortes seria de 36 mil por ano. No pior dos casos, o nível dos mares poderia aumentar em até um metro, o que obrigaria os europeus a construir muralhas de contenção costeiras. De acordo com o cenário mais otimista, uma alta das temperaturas de apenas 2,2% teria um impacto econômico de 4,4 bilhões de euros em 2020, frente 5,9 bilhões no caso mais extremo, que elevaria o custo para 42,5 bilhões em 2080.
Outras conseqüências do aquecimento global seriam a acidificação dos oceanos, que afetaria a pesca, e uma intensificação das inundações. O alarmante informe foi preparado pelo diretório para o meio ambiente da Comissão Européia com dados do serviço de observação por satélite da União Européia.
A publicação do estudo, prevista para a semana que vem, coincidirá com a presença em Washington do presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, que tratará de convencer o presidente George W. Bush de apoiar um mecanismo de troca mundial de emissões de C02, como defendido pelos europeus. Os autores do estudo chegaram à conclusão de que custaria só 0.19% do Produto Interno Bruto anual da UE reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 25%, algo que consideram totalmente viável.
(Reuters, 08/01/2007)
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