A areia das praias gaúchas encolheu
2007-01-08
A praia está mais curta. Além da redução da área destinada ao banho de sol e aos esportes de verão, os gaúchos terão de conviver nesta temporada com as freqüentes invasões do mar que carregam cadeiras, mesas, cangas e guarda-sóis.
Em decorrência das fortes ressacas que atingiram, no ano passado, o Litoral Norte, a faixa de areia encolheu cinco metros, uma diminuição de cerca de 10%. Em alguns pontos, o nível de areia chegou a ser reduzido em até um metro, deixando à mostra a base de algumas guaritas de salva-vidas. A areia foi dragada para dentro do mar. Há pelo menos duas décadas não era registrado fenômeno semelhante no Rio Grande do Sul.
- As ressacas levaram a areia, e o processo de recomposição é lento - explica o geólogo Mattos'Alem Roxo, gerente regional da Fundação Estadual de Proteção Ambiental.
Quem está no Litoral Norte pode se preparar: qualquer elevação da maré, por menor que seja, vai provocar transtornos. Deverá ser comum no dia-a-dia do veranista fugir daquelas ondas que se estendem inesperadamente por quase toda a areia.
- Parece um "minitsunami''. A onda vem vindo baixinha e arrasta tudo - diz a dona de casa canoense Maria de Lurdes Alcântara, 49 anos.
O fenômeno natural é ainda mais visível nos locais em que existem calçadões à beira-mar. Sem as dunas, a recuperação da extensão da faixa está sendo mais lenta, pois existe menos areia disponível para o processo de recomposição.
Disputa por espaço na areia será maior
Onde há dunas, os efeitos já são menos visíveis. Para os curiosos, uma dica: em pontos da orla em que dunas e calçadão se encontram, é possível ver as diferenças na faixa de areia.
- Prefeituras como as de Imbé e Tramandaí retiram a areia soprada pelo vento Nordeste sobre os calçadões e a colocam novamente sobre a faixa, ajudando no processo - explica o geólogo da Fepam.
Praticantes de esportes de verão e veranistas com guarda-sóis debaixo do braço disputarão uma orla ainda mais curta nos finais de semana de sol e movimento intenso. A conquista de espaço será mais difícil, e o embate, acirrado.
- Já é um pedaço curtinho. Imagina com menos praia. Para tomar uma bolada vai ser mais fácil. O negócio é usar o guarda-sol como escudo - brinca o comerciante Eduardo Rocha, 34 anos.
(Zero Hora, 7/1/2007)
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