Ibama marca audiência sobre exploração de petróleo no sul do Espírito Santo
2007-01-05
Os moradores do sul capixaba poderão discutir os impactos ambientais que serão provocados pela exploração de petróleo e gás no Parque das Conchas (BC-10). O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realiza Audiência Pública sobre o tema no próximo dia 13/1, às 14h, no Sesc do trevo de Muquiçaba, em Guarapari.
Na Audiência Pública, a Shell terá que apresentar, para discussão, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o respectivo Relatório de Impacto Ambiental (Rima) do chamado "Projeto de Desenvolvimento e Produção de Petróleo e Gás no Parque das Conchas (BC-10), na Bacia de Campos".
Entre outros riscos ambientais, as atividades de prospecção petrolífera podem provocar tremores de terra de até 4,5 de intensidade na Escala Richter, como já alertou a Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente (Acapema) em documento encaminhado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA). Há risco, inclusive, de reativação da fenda vulcânica Vitória - Trindade, numa reação em cadeia combinada com o período global de intensificação de tremores, diz a ONG.
O edital do Ibama chamando os moradores para Audiência Pública sobre o Parque das Conchas foi publicado nesta quinta-feira (4) e dá, "para maiores esclarecimentos" o telefone (21) 3077.4266, do Ibama. E ainda o telefone 0800 - 728.1616, das 8 às 17h, de segunda à sexta-feira ou fale@shell.com.
A reserva do Parque das Conchas é estimada em 400 milhões de barris. O Parque das Conchas tem óleo pesado e gás. A Shell deve começar a produção no local em 2009. A produção será escoada por um gasoduto ligando o navio a Ubu, em Anchieta.
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) aprovou a exploração de três dos quatro Campos da Shell no BC-10, que compõe o parque: Argonauta, Abalone e Ostra. Mas até agora nada foi divulgado sobre o Nautilus.
A Shell assinou os primeiros contratos para o desenvolvimento dos três campos, que será feito em três fases. A primeira fase, a empresa realizada com o arrendamento do navio FPSO (unidade flutuante de produção, estocagem e transferência) e à contratação do navio sonda para a perfuração dos dez poços distribuídos pelos três campos.
O navio FPSO, que chega ao Brasil no início de 2009, tem capacidade de processamento de 100 mil barris de óleo e 50 milhões de pés cúbicos de gás por dia. A densidade do óleo pesado está entre 15º a 24º. Sua prospecção será em águas profundas: entre 1,5 mil e 2 mil metros.
A segunda fase da exploração do campo está prevista para 2013, com a inclusão ao sistema do campo Argonauta, com dez poços. Na segunda fase, deverá ser incluído no sistema o campo de Nautilus, que fica entre o BC-10 e o BC-60, arrematado pela Petrobras.
A Shell tem 13 blocos de exploração no Brasil, entre as bacias de Santos, Campos e Espírito Santo.
(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário - ES, 04/01/2007)
http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2007/janeiro/04/noticiario/meio_ambiente/04_01_09.asp