Justiça à procura de 25 réus do caso Aracruz
2007-01-05
Dos 37 acusados de terem articulado e executado a invasão e a destruição de um laboratório e oito estufas da Aracruz Celulose, a Justiça conseguiu interrogar 12. Para chegar aos outros 25, está tendo de enviar até cartas ao Exterior e publicar editais.
Em março do ano passado, 1,5 mil simpatizantes da Via Campesina invadiram a Fazenda Barba Negra, em Barra do Ribeiro, na Região Metropolitana, deixando 3 milhões de mudas eucaliptos destruídas. O fato virou notícia no mundo porque, no mesmo período, ocorria em Porto Alegre a 2ª Conferência Internacional sobre Reforma Agrária, promovida pelas Nações Unidas.
O processo tramita na Justiça de Barra do Ribeiro. Entre os 37 réus, 12 foram interrogados. A 20 dos restantes, foram enviadas cartas precatórias, para que sejam ouvidos nas cidades onde residem, e a três réus que moram na Espanha, na Indonésia e na República Dominicana, cartas rogatórias.
Para evitar que prescrevam as acusações contra dois réus que não foram encontrados, a Justiça citou seus nomes em edital. O juiz de Barra do Ribeiro, José Pedro de Oliveira Eckert, está em férias. Jaime Santana, escrivão designado para o processo, disse que, depois do interrogatório, serão ouvidas as testemunhas de acusação e de defesa. E, por fim, haverá a sentença do juiz.
Procurada, a Aracruz preferiu não se manifestar. A mesma atitude teve a defesa dos réus. No último dia 29, o promotor do caso, Daniel Soares Indrusiak, entrou com um pedido para dividir o processo em dois, para facilitar a tramitação.
- Estou pedindo que a divisão seja feita da seguinte maneira: um dos processos seria dos réus já interrogados, e outro, daqueles que ainda não foram citados - disse Indrusiak.
O pedido de divisão do processo ainda não foi analisado pelo juiz. Segundo o promotor, o processo está tramitando mais rapidamente do que o previsto, mas não há data para a conclusão do caso. Ele chama a atenção para o fato de 12 réus já terem sido interrogados e de a maior parte dos outros já ter sido localizada.
O principal problema enfrentando pela polícia no inquérito policial foi identificar, entre os 1,5 mil participantes, os que comandaram a depredação das instalações da Aracruz. Uma das dificuldades foi a deficiência nas listas de passageiros dos ônibus que transportaram os invasores. Depois de identificados os os 37 suspeitos de comandar a destruição, a investigação buscou seus endereços. A maioria passa a maior parte do tempo circulando entre os acampamentos de sem-terra e comunidades rurais.
(Zero Hora, 5/1/2007
www.zerohora.com.br