O zoneamento ambiental para a silvicultura não agradou a diversas entidades ligadas ao setor. Pior, motivou a entrega de uma carta, ao então governador Germano Rigotto, no último dia 27 de dezembro, exigindo a devolução do estudo à Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam).
O documento, encabeçado pela Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), exige, entre outras coisas, que o trabalho seja refeito “ouvindo os técnicos das áreas envolvidas e suas respectivas entidades”.
Segundo Valtemir Goldmeier, consultor da área de Meio Ambiente da Famurs, a carta estabelece o segundo semestre de 2007 como novo prazo para que a Fepam entregue o estudo, desta vez completo.
Ele explica que as entidades empresariais contestam o documento apresentado pela Fepam porque não representa os interesses da atividade no Estado. A mesma opinião é compartilhada pelo presidente da Comissão de Silvicultura da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), José Lauro de Quadros. De acordo com ele, o zoneamento deveria servir para orientar a expansão dos plantios de eucalipto no Estado, e não impedi-los.
O Rio Grande do Sul tem cerca de 450 mil hectares de florestas plantadas, segundo dados da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor). Conforme Quadros, a meta é chegar dentro de cinco a seis anos em 900 mil hectares ou 3,2% do território gaúcho (26 milhões de hectares).
Os plantios, de acordo com Farsul, estão diluídos em mais de 200 municípios, sendo a maioria na Metade Sul, em virtude de uma maior disponibilidade de terras. “É importante dizer que o eucalipto não vai substituir nenhuma cultura, ele vem para se integrar as que já existem”, afirma.
De acordo com o Goldmeier, que preside o Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema), houve, por parte de diversas prefeituras do interior do Estado, uma “grande insatisfação” com o documento apresentado pelo órgão ambiental.
Ele cita como exemplo a prefeitura de Jaquirana, município próximo a Bom Jesus e São José dos Ausentes, na região dos Campos de Cima da Serra. O município teria ficado de fora das regiões onde seriam permitidos os plantios. “É um absurdo porque a silvicultura existe há tempos nessa cidade”, afirma.
Para que o documento seja votado pelos conselheiros do Consema, é necessário que seja encaminhado pelo secretário estadual do Meio Ambiente às Câmaras Técnicas. Depois, é enviado à Assembléia Legislativa para apreciação dos deputados. Goldmeier lembra que o governo do Estado também pode apresentá-lo como um decreto, simplesmente.
(Por Carlos Matsubara, AmbienteJÁ, 05/01/2007)
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