Mudança climática pode explicar queda de Dinastia Tang e civilização maia
2007-01-04
Os declínios da dinastia Tang --uma das mais importantes da história da China-- e da civilização clássica maia (América Central) podem ter sido causados pelas mudanças nas monções da Ásia, segundo autores de um estudo que será publicado na edição de quinta-feira da revista "Nature".
Segundo os autores do estudo, que trabalharam sob a direção de Gerald Haug, do Centro de Pesquisas sobre a Terra "GeoforschungsZentrum", em Potsdam (Alemanha), a destruição dessas grandes culturas coincide com as modificações do ciclo climático ocorrido entre os anos 700 e 900 d.C.. A seca provocada pelas alterações no regime de chuvas --com quedas catastróficas de colheitas e empobrecimento quase geral-- poderia explicar as profundas tensões que levaram ao fim das sociedades.
Os cientistas chegaram a essa conclusão a partir da análise de sedimentos do lago Huguang Maar, no sudeste da China. Suas propriedades magnéticas e sua composição de titânio dão indícios sobre a força das monções no leste da Ásia. No inverno, estes ventos periódicos sopram em direção ao mar (monção seca) e no verão, em direção à terra (monção úmida).
Gerald Haug e seus colegas chineses e americanos constataram que, durante os últimos 16 mil anos, houve três períodos em que a monção de inverno foi bastante forte e o clima consideravelmente seco na China --sobretudo na época do declínio da 13ª dinastia chinesa dos Tang, que reinou de 618 a 907. Ao fim de três séculos de grandeza, a dinastia, célebre por sua arte e sua atividade comercial com a Índia e com o Oriente Médio, terminou em revolta geral.
Para os pesquisadores, as variações no índice das chuvas tropicais poderiam ter sido globais e explicariam, também, o fim da era clássica maia (de 250 a 900) --no território hoje ocupado pelo México e pela Guatemala. Conhecida por suas cidades-Estado, por sua escritura hieroglífica, suas artes decorativas, seu calendário solar de 365 dias e suas pirâmides, a civilização maia desapareceu bruscamente em plena Idade do Ouro.
(France Presse, 03/01/2007)
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u15806.shtml