A Nova Zelândia produz sucos, biscoitos, geléias, óleos, champanhe com uma fruta conhecida como goiaba serrana - que surpreendentemente é do Brasil. Goiaba serrana é uma planta do futuro, segundo o Ministério do Meio Ambiente. Uma espécie brasileira de valor econômico atual e potencial uso regional, mas sem projeção nacional.
Um levantamento feito por equipes especializadas nas cinco regiões do país, com recursos do Probio - Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira, revelou que o país possui 775 espécies de plantas do futuro.
E o Brasil terá, em 2007, a oportunidade de evitar que 774 delas ganhem notoriedade no Exterior antes mesmo de serem conhecidas pelos brasileiros, diferentemente do que ocorreu com a goiaba serrana, fruta doce chamada cientificamente de Acca seloviana, encontrada nos estados do Sul.
Um critério específico foi determinante na seleção das espécies feita pelos pesquisadores: as 775 escolhidas já têm aplicação caracterizada pelo uso regional. Elas constituem oportunidades prontas para o setor empresarial. O trabalho do projeto Plantas do Futuro, desenvolvido nos últimos dois anos, será consolidado em cinco publicações em 2007, cada uma compreenderá uma região do país.
Elas trarão informações detalhadas sobre o potencial de cada planta. Ainda no próximo ano, o MMA planeja realizar seminários regionais para apresentar as potencialidades desses recursos naturais aos diferentes segmentos da sociedade.
O Brasil deixa de ganhar milhões de dólares a cada ano sem o uso sustentável dessas espécies. Além de conquistar o mercado nacional, elas podem ganhar também as exportações. Com o projeto, o governo pretende divulgar as opções para cada espécie no âmbito nacional e incentivar o seu uso sustentável. Para tanto, a parceria com o setor empresarial, com pequenos agricultores e com as instituições de pesquisa será fundamental.
A economia agrícola do Brasil depende de outros países, pois muitas das espécies consumidas em larga escala como arroz, feijão, batata, trigo e cevada não são nativas do país. O Brasil ocupa o primeiro lugar na lista de países megadiversos, por isso, tem condições de ampliar o espaço de suas próprias espécies no mercado nacional. É possível valorizar essas espécies nativas e criar possibilidades para que os benefícios gerados a partir dos recursos naturais do país sejam distribuídos com as comunidades que detém o conhecimento sobre eles.
As 775 espécies destacadas no projeto se dividem em 12 grupos de uso. Entre elas, estão 148 são espécies de plantas ornamentais, 70 com características alimentícias e frutíferas, 99 com potenciais medicinais, nove são adequadas para a fabricação de aromas e 31 de óleos.
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Adital, 03/01/2007)