O projeto internacional Sistema de Informações Biogeográficas dos Oceanos (OBIS, da sigla em inglês) oferece um número significativo de informações sobre biodiversidade no ambiente marinho. E com o intuito de tornar o sistema mais acessível para usuários de Língua Portuguesa, pesquisadores da USP criaram uma página de serviços sobre o OBIS, com consulta aberta. A página permite acesso a um catálogo online com informação de biodiversidade marinha para que os usuários que se comunicam em português tenham acesso às informações gerais do serviço OBIS Internacional.
A página em Português foi uma solicitação do OBIS. Os responsáveis são os professores Rubens Lopes, do Instituto Oceanográfico (IO), e Fábio Lang da Silveira, do Instituto de Biociências (IB) da USP.
Silveira acredita que a página atingirá pessoas que trabalham com temas ligados ao gerenciamento de biodiversidade, passando por questões preservacionistas de recursos econômicos nos mares, questões meramente acadêmicas, principalmente da área biológica ou ainda de puro conhecimento da diversidade, isto é, leigos que gostam de observar essas espécies por prazer e lazer, que é uma atividade que está crescendo a cada dia – por exemplo, com o turismo ecológico.
O Censo da Vida Marinha - projeto maior no qual o OBIS está incluído - congrega 37 países. O material coletado é disponibilizado em Inglês, francês, chinês, alemão e agora também na língua portuguesa. “Nós achamos que era importante disponibilizar a informação em português para facilitar a divulgação”, explica o professor.
Os pesquisadores já registraram no serviço OBIS cerca de 37 mil registros de espécies marinhas pelo litoral do Brasil. Esse projeto piloto está na fase final, e, de acordo com o biólogo, é um trabalho que requer continuidade. “Esse foi o grande teste, o dos produtos brasileiros. A nossa intenção foi valorizar estudos que já tem muita repercussão no Brasil", explica. De acordo com o professor, uma parte dos 37 mil registros feitos na página já está disponibilizado em diversas publicações, como no manual Identificação dos Invertebrados Marinhos, publicado pela Editora da USP (Edusp).
Contribuição africana
Na rede internacional que compõe os cadastros da OBIS, Silveira elogia a participação dos países africanos. Eles já inseririam no OBIS cerca de 3 milhões de registros. O professor diz que esses números foram possíveis graças à existência de uma organização oceanográfica muito antiga que existe na África do Sul e também graças a toda a história do continente.
“Numa empreitada de um ano e meio os registros da África representam um terço do que está no OBIS. Acho realmente espantoso o que o serviço na África fez, é de admirar” diz.
Na África, diferentemente do que ocorreu no Brasil, os pesquisadores preferiram não disponibilizar o que já era publicado, valorizando a produção do conhecimento local. “O que acho interessante no serviço do OBIS são as várias possibilidades de abordagem da disponibilização dos registros”, explica Silveira.
Os registros do Sistema Internacional de Informações Biogeográficas dos Oceanos podem ser encontradas nas seguintes páginas:OBIS Brasil, OBIS, OBIS América do Sul, Censo da Vida Marinha e REVIZEE.
(Por Verónica Oliveira,
USP online, 03/01/2007)