Ações de incentivo à irrigação são o grande desafio para o campo no novo governo
2007-01-03
Incentivo ao desenvolvimento de agroindústrias, manutenção da imunização do gado e ampliação do controle sanitário nas fronteiras são as grandes prioridades da agropecuária gaúcha em 2007 na visão dos dirigentes das principais entidades do Rio Grande do Sul. Um dos grandes desafios do novo governo, no entanto, será colocar em prática as ações de incentivo à irrigação, lançado como uma prioridade pela governadora Yeda Crusius em seu programa de governo.
Na avaliação do diretor da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Francisco Schardong, se não houver um trabalho de desburocratização e agilização no órgão ambiental competente responsável pela análise dos projetos, todas as ações de desenvolvimento da irrigação terão como fator limitante o licenciamento realizado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). "Se a Fepam já não consegue atender à demanda dos produtores, imagine então com uma ação específica de estímulo à irrigação", ressalta. Para Schardong, os produtores não necessitam de novos projetos de incentivo à irrigação no campo. "Já temos um programa fantástico finalizado que está parado na fila da Fepam há muito tempo", diz. A proposta apresentada pela governadora Yeda Crusius prevê a criação de linhas de financiamento para implantação de sistemas de abastecimento, compra de equipamentos e construção de reservatórios de água.
Todas as ações que remetem ao controle sanitário do rebanho gaúcho são vistas como prioridade pelas entidades agrícolas em 2007. "Temos que manter nossas exportações em alta e, para isso, é essencial a continuidade da aplicação da vacinação contra febre aftosa em todos os níveis, do pequeno ao grande pecuarista, sem distinção", salienta o diretor da Farsul. Uma preocupação do presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Ezídio Pinheiro, é quanto à vacinação do rebanho contra brucelose. Segundo ele, neste aspecto, o "Estado sobrevive da sorte", pois está despreparado para imunizar o rebanho de corte e de leite pela falta de investimentos. "Podemos colocar tudo a perder se nada for feito", manifesta.
Para o presidente da Fetag também é urgente que o novo governo crie programas de incentivo às agroindústrias, setor que a cada ano vem sofrendo as conseqüências da falta de investimento. "De cada 10 estabelecimentos financiados pelo governo federal, em três anos sete fecham suas portas", exemplifica. De acordo com Pinheiro, a situação das agroindústrias é agravada pela ausência de perspectivas de comercialização. "Todos sabem produzir e o fazem bem, mas na hora de vender não há mercado", reclama. A expectativa do presidente da Fetag é entregar ao novo secretário da Agricultura uma pauta de reivindicações do setor que inclui ainda o desenvolvimento de políticas estaduais de apoio aos pequenos produtores. "Com exceção do Troca-Troca, o Rio Grande do Sul não tem nenhum outro programa para os pequenos", salienta.
A questão tributária e de comércio exterior também vai entrar na pauta de discussões do novo governo se depender do presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro). Rui Polidoro Pinto busca nivelar o ICMS cobrado sobre o arroz e o trigo in natura em relação a outros estados. Em média o trigo in natura é tarifado em 11% no Rio Grande do Sul por saca comercializada para fora do Estado. O ingresso de produtos do Mercosul também deve ser atacado. "Produtos sem classificação entram no País com tributos rebaixados e custos de produção bem inferiores", reclama Polidoro.
(Por Luciana Radicione, Jornal do Comércio, 03/01/2007)
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