Frutos típicos do Cerrado viram um bom negócio para empresas de Goiás
2007-01-02
Os frutos do Cerrado são uma alternativa de ocupação e renda para empreendedores de Goiás. Aliando preservação ambiental ao negócio, empresários como Manoel Maria Dias da Cruz Aponte, da empresa Trem do Cerrado, de Pirenópolis, têm aberto mercados em cidades como Brasília e Goiânia com a venda de produtos naturais feitos à base de frutos como a castanha do baru e pequi.
Outro empresário de pequeno negócio que também tem apostado na diversidade do Cerrado como fonte de renda é Ismael Alves Almeida, da Milka Frutos do Cerrado, de Goiânia. Ele produz sorvetes e picolés com os frutos do pequi, jatobá, murici, mangaba, jaca e até mesmo o famoso cajuzinho do Cerrado, que floresce em plena seca, quando caem aquelas poucas águas já conhecidas na região como 'chuva do caju'.
Há três anos no mercado, a pequena empresa de 'seu' Manoel, a Trem do Cerrado, produz barras de cereais com a castanha do baru e do pequi, árvores típicas da região do Cerrado goiano e mineiro. Também faz biscoitos de baru com aveia e castanha de baru torrada. Hoje, a conquista de mercados em lojas de produtos naturais de Brasília e Goiânia contrasta com as dificuldades do início.
Dificuldades que se concentravam na gestão do negócio e na criação de uma rede de pessoas antes acostumadas a desmatar o Cerrado e que agora vivem do extrativismo sustentável de seus frutos. Tanto em uma frente como na outra 'seu' Manoel teve apoio do Sebrae em Goiás para encontrar o ponto de equilíbrio.
“O Sebrae foi um parceiro importante. Primeiro, fiz o curso Iniciando um Pequeno Grande Negócio (IPGN) pela internet, que foi muito bom para ter noção de gestão. Depois houve apoio para organizar a coleta dos frutos com trabalho de conscientização das pessoas da região”, diz 'seu' Manoel. ”Aqui se cortava muitas árvores e isso melhorou muito porque as pessoas que antes viviam do desmate passaram a ser fornecedoras de frutos”, acrescenta.
Picolé do Cerrado
Quem também teve o apoio do Sebrae em Goiás para organizar a empresa foi Ismael Alves Almeida, da Milka Frutos do Cerrado, de Goiânia. A pequena fábrica de sorvetes de frutos do cerrado, que iniciou atividades há dez anos, após uma experiência mal-sucedida no ramo de sorvetes tradicionais em função das mudanças na economia ocorridas com o Plano Collor, já ganhou ares de empreendimento de médio porte, inclusive com uma filial na cidade mineira de Uberlândia.
Além disso, o empresário Ismael, cujo pai é um entusiasta da preservação do Cerrado, já mantém três franqueados em Goiânia. “Também estamos negociando uma quarta franquia, que pode ser a primeira em um shopping center”, diz.
O negócio dos sorvetes e picolés feitos com frutos do Cerrado já despertou o interesse até de compradores estrangeiros. “Não fechamos porque não temos volume para atender os pedidos lá de fora”, explica.
Assim como a Trem do Cerrado, de Pirenópolis, a Milka Frutos do Cerrado também desenvolve trabalho de preservação do Cerrado. A empresa constituiu uma rede de pessoas que vivem do extrativismo dos frutos como pequi, jatobá, murici, mangaba, jaca e o cajuzinho do Cerrado. O trabalho é feito em dois assentamentos rurais, um em Rio Verde (GO) e outro em Uberlândia (MG).
“Tentamos imprimir uma visão cooperativista nesse trabalho porque queremos que todos ganhem, já que nosso negócio depende da preservação do Cerrado, que infelizmente anda sendo meio maltratado”, desabafa.
(Por Rodrigo Rievers, Agência Sebrae, 01/01/2007)
http://asn.interjornal.com.br/noticia.kmf?noticia=5576357&canal=288