O transporte público será um dos maiores desafios em 2017 nas grandes metrópoles. A boa notícia é que essas cidades tendem a crescer menos daqui a 10 anos, prevê James Wright, do Profuturo - FIA, entidade associada à Universidade de São Paulo (USP). O pesquisador diz que já está em curso e vai se acelerar na próxima década a desconcentração no país com o crescimento das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste.
Em 2017, diz Wright, já haverá um modelo de gestão mais automatizada de tráfego, com veículos conduzidos automaticamente em comboios interligados, ganhando eficiência.
- Cada veículo será integrado ao da frente por meio de sinais eletrônicos, formando uma espécie de trem urbano, silencioso, que obedecerá aos sinais de trânsito emitidos por semáforos eletrônicos e aparelhos controladores implantados nas principais avenidas.
Automóveis terão uso mais racional
O professor de engenharia de tráfego da Universidade de Brasília (UnB) Paulo Cesar Marques também tem uma visão otimista para daqui a 10 anos.
- Há um esforço grande para seguirmos a tendência européia, com menos carros circulando e mais sistemas coletivos de locomoção. Dependerão, porém, da vontade política - diz.
O transporte coletivo deve ser sustentado pelo conceito da integração.
- Será uma combinação de sistemas. Já que o metrô não larga a pessoa na porta de casa, ônibus ou vans complementarão o serviço. O passageiro paga a tarifa uma só vez e só muda de veículo - exemplifica.
O que não significa, segundo o professor, que o carro desaparecerá.
- A perspectiva é de que terá um uso mais racional. Será usado menos para trabalho e mais para viagens a locais não servidos pelo transporte público - diz Marques.
Essa sustentabilidade será conduzida pelo próprio governo, que deve criar formas de cobrança de estacionamento e de circulação de veículos:
- Em Londres, a taxação sobre circulação tem dado muito sucesso.
Vias exclusivas para ônibus, como as que existem em alguns pontos da Capital, também devem se intensificar até 2017. Há a chance de os veículos serem rastreados e taxados se circularem em determinadas áreas. Tudo para desafogar as ruas.
A tecnologia também deve mudar a cara do trânsito. Conforme Marcelo Nacle, da empresa NXP, os ônibus serão monitorado por satélite, e o sistema de navegação permitirá que o passageiro saiba com precisão o horário previsto para a passagem do próximo veículo.
- Dependendo, dá tempo de comer um lanche - brinca Marques.
(
Zero Hora, 02/01/2006)