Robô britânico vai mergulhar na Antártica para estudar relação entre glaciais e fundos marinhos
2007-01-02
O primeiro robô submarino de controlo remoto britânico prepara-se para mergulhar a mais de seis quilómetros de profundidade nas águas da Antárctica. A primeira missão do Isis será estudar os efeitos dos glaciares nos fundos marinhos e descobrir que espécies vivem nessas águas. A missão começa em Janeiro e terá uma duração de três semanas, informou hoje a BBC online. Depois desta expedição, o Isis será enviado para estudar o fundo do mar da costa portuguesa.
O Isis será transportado pelo navio da British Antarctic Survey, o “RSS James Clark Ross”, até à Baía Marguerite, no lado ocidental da Península antárctica. Orçado em 6,7 milhões de euros, o submersível foi concebido no Centro nacional de Oceanografia de Southampton, em colaboração com o norte-americano Woods Hole Oceanographic Institution.
Isis mede 2,7 metros de comprimento, dois de altura e 1,5 de largura. Pesa cerca de três toneladas. Dez quilómetros de cabos ligam o veículo ao navio que o transporta, permitindo aos cientistas controlá-lo e receber os dados recolhidos em tempo real. O robô leva consigo para o fundo do mar projectores, câmaras, sonares e dois braços robotizados para recolher amostras ou colocar instrumentos científicos no fundo do mar.
Já em Janeiro, o Isis vai investigar em detalhe os sedimentos que têm sido depositados ao longo de 20 mil anos no fundo oceânico da Baía Marguerite pelas placas de gelo que a cobrem. “A história ambiental da Antárctica está encerrada nestes sedimentos”, comentou Peter Mason, coordenador da investigação e director do Scott Polar Research Institute, na Universidade de Cambridge. O projecto vai ajudar os cientistas a compreender melhor a actividade dos glaciares no passado.
Paralelamente vai decorrer outro projecto para identificar as criaturas marinhas da Baía, este coordenado por Paul Tyler, do Centro nacional de Oceanografia de Southampton. “Estou interessado nos efeitos dos glaciares no fundo marinho e como isso afecta a fauna. Quero saber de que forma a vida animal na Antárctica muda à medida que vamos mergulhando mais fundo”, disse Paul Tyler. Através do Isis, “podemos saber, por exemplo, por que razão umas criaturas vivem a maiores profundidades do que outras”.
(Ecosfera, 29/12/2006)
http://ecosfera.publico.pt/noticias2005/noticia5891.asp