Seca pode agravar situação do rio dos Sinos
2007-01-02
As medidas para resolver os problemas do Rio dos Sinos ainda estão em fase de implantação, o que torna sério o risco de nova tragédia ambiental. A situação poderá se agravar em janeiro se as previsões de clima seco se mantiverem.
Para a situação se normalizar, é preciso que chova em abundância em Santo Antônio da Patrulha e Caraá, junto às nascentes do rio. A temperatura é outro fator que preocupa pois pode comprometer a manutenção do oxigênio.
O prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi, entende que, por intermédio de um consórcio envolvendo os 20 municípios do Vale do Rio dos Sinos, será possível materializar ações em benefício do rio, com a implantação de projetos de tratamento de esgoto. 'Já assinamos o protocolo de cooperação técnica e a adesão precisa ser autorizada pelos vereadores de cada cidade', antecipa Vanazzi. A tendência é de que o consórcio seja oficializado apenas em março, embora já existam R$ 20 milhões do Orçamento da União reservados para a adoção de medidas.
O secretário do Meio Ambiente de São Leopoldo, Darci Zanini, atesta que os recursos hídricos estão comprometidos. A Bacia hidrográfica reúne 1,3 milhão de habitantes e há falta de um planejamento estratégico de uso da água.
Sobre o rio Gravataí, o presidente da Fundação Municipal de Meio Ambiente de Gravataí, Paulo Müller, também está preocupado. 'É preciso elaborar, com urgência, o plano da Bacia, o zoneamento da área de proteção ambiental do Banhado Grande, onde há a nascente do rio Gravataí, e o estudo de regularização da vazão das águas', informa.
Müller ressalta que 70% das nascentes do rio já foram drenadas, sobretudo para o aproveitamento agrícola na região.
O presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Antenor Ferrari, defende que o próximo governo mantenha as portarias que foram editadas durante a tragédia ambiental que matou mais de 85 toneladas de peixes no Rio dos Sinos em outubro. 'Determinamos a redução em 30% dos efluentes líquidos empresariais despejados no arroio Portão', recorda Ferrari, que deu prazo até março para que os 32 municípios da Bacia hidrográfica apresentem planos de tratamento de esgoto doméstico.
A partir de agora, a Fundação de Proteção Ambiental vai remeter os processos de licenciamento prévio de empresas de médio e grande impactos para avaliação dos comitês das Bacias hidrográficas dos rios dos Sinos e Gravataí. A partir de julho, nenhum licenciamento será efetivado sem o enquadramento dos comitês em relação aos riscos ambientais envolvidos.
(Por Luciamem Winck, Correio do Povo, 31/12/2006 e 01/01/2007)
http://www.correiodopovo.com.br/edicaododia.asp