Agricultor acredita que biodiesel pode ser chance de crescimento para assentados da reforma agrária
2007-01-01
A “agricultura energética”, destinada à produção de biodiesel, pode beneficiar as famílias de assentados de programas de reforma agrária, na opinião do presidente da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), Fábio Meireles.
Ele acredita que, no segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, que começa hoje (1/1), o biodiesel pode se tornar uma fonte de sustentabilidade para essas famílias, a partir de uma política do governo federal que integre empresas do ramo e a agricultura familiar.
"O biodiesel é uma agricultura energética. Por isso, deve estar bem interligada num sistema de governo que desenvolva o agronegócio, absorvendo múltiplas atividades a partir do biodiesel, o que ajudará no fortalecimento econômico das empresas, sem perder de vista a agricultura familiar”, diz o presidente da Faesp.
Ele explica que esse programa integrado pode permitir às famílias de assentados um espaço para sua sustentabilidade. Agora em janeiro, Fábio Meireles assume também a presidência do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP).
Segundo a organização não-governamental Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), entre 2003 e 2005 foram assentadas 245.061 famílias no país - média de 81 mil por ano. Até 2002, o total de famílias assentadas era de 635 mil, de acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Isso significa que, com os números ainda não fechados de 2006, o Brasil deve ter hoje, aproximadamente, 1 milhão de famílias assentadas.
O biodiesel - obtido a partir de matérias-primas como mamona, soja e dendê - integra o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), que privilegia a participação da agricultura familiar, estimulando a formação de cooperativas e consórcios entre produtores. O uso comercial do biodiesel, a partir da mistura de 2% ao diesel de petróleo, cria um mercado interno potencial nos próximos três anos de pelo menos 800 milhões de litros/ano para o novo combustível, segundo o governo.
A área plantada necessária para suprir a mistura de 2% ao diesel é estimada em 1,5 milhão de hectares, o que equivale a 1% dos 150 milhões de hectares plantados e disponíveis para agricultura no Brasil. Este número não inclui as regiões ocupadas por pastagens e florestas. As regras permitem a produção com base em diferentes oleaginosas e rotas tecnológicas, possibilitando a participação do agronegócio e da agricultura familiar.
(Por José Carlos Mattedi e Álvaro Bufarah, Agência Brasil, 01/01/2007)
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2006/12/29/materia.2006-12-29.5225060572/view