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2006-12-31
Um fato inédito ocorreu com a equipe de fiscalização do Ibama no Rio de Janeiro durante uma operação do defeso de espécies aquáticas em meados deste mês. Os fiscais encontraram na praia, um Mero (Epinephelus itajara) uma das maiores espécies de peixes e que corre sério risco de extinção praticamente sem vida e conseguiram reanimá-lo e soltá-lo ao mar.

Segundo Rodrigo de Carvalho, analista ambiental da Divisão de Fiscalização da Superintendência do Ibama no Rio de Janeiro, a equipe estava no Escritório do Ibama de Arraial do Cabo quando recebeu a informação que o Mero estava na praia grande. Imediatamente se dirigiram até o local e encontraram o enorme corpo estendido na praia, inanimado. O animal media um metro e setenta de comprimento e pesava cerca de 150 quilos. Segundo informações de testemunhas, o peixe estava lá a mais ou menos três horas. Durante um arrasto de praia o “gigante” veio junto e os pescadores sabendo que a fiscalização do Ibama estava na cidade, retiraram o animal da água, mas não o mataram. Esperaram que ele morresse sozinho para não comprometer ninguém. Segundo os pescadores, aparentemente a espécie parecia já ter vindo morta na rede e eles não puderam fazer nada.

A equipe de fiscalização decidiu apreender o Mero e doá-lo para alguma associação beneficente local. Mas no momento em que os fiscais tentaram levantar o animal para colocá-lo na viatura, ele deu sinal de vida, reagiu de imediato e começou a respirar. Quando então, com a ajuda de pescadores e voluntários a equipe o reconduziu ao mar. “Ao perceber a água, o animal contorceu-se vigorosamente e já dentro d’água sua nadadeira dorsal ficou eriçada. Lentamente o gigante tomou rumo ao mar aberto e todos vibraram com o acontecimento que foi filmado e fotografado”, comemora Rodrigo.

O Mero pertence à família dos Serranídeos, que é representada também pelas garoupas, chernes e badejos. Chega a alcançar até 2,7 metros de comprimento e pesar mais de 400kg. É um peixe solitário e territorialista, habita regiões recifais, ilhas rochosas, lajes, estuários e manguezais, mas também pode ser encontrado em naufrágios, estruturas submersas e plataformas de petróleo. Carnívoro, alimenta-se preferencialmente de lagostas, caranguejos e peixes. Seu período de acasalamento e reprodução acontece geralmente em áreas estuarinas no final da primavera e início do verão. Os filhotes possuem um crescimento lento e só atingem a primeira maturação com seis anos em média. Esta espécie ocorre nas águas costeiras e tropicais dos oceanos Pacífico e Atlântico.

É o primeiro peixe marinho que ocorre no Brasil a ser protegido em regulamentação específica. A espécie está protegida da pesca, captura, transporte, comercialização, beneficiamento e industrialização até setembro de 2007, através da Portaria Ibama nº 121 de 20 de setembro de 2002, editada à partir da solicitação da Fundação SOS Mata Atlântica.

Aos infratores serão aplicadas as penalidades e sanções previstas na Lei de Crimes Ambientais, regulamentada pelo Decreto n° 3.179 de 21/09/1999, com penas que variam de 1 a 3 anos de detenção e/ou multa de R$ 700,00 a R$ 1000.000,00.
(Ibama, 29/12/2006)
http://www.ibama.gov.br/novo_ibama/paginas/materia.php?id_arq=4846

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