MMA prepara publicações detalhadas sobre parentes silvestres
2006-12-31
O Ministério do Meio Ambiente lançará em 2007 uma publicação para cada um dos sete gêneros de parentes silvestres brasileiros de espécies cultivadas já estudados: algodão, amendoim, arroz, o grupo das morangas, milho, mandioca e pupunha. Fundamentais para as pesquisas de melhoria da capacidade de produção das espécies cultivadas, os parentes silvestres são espécies nativas do Brasil, que não têm potencial para o cultivo. O que importa nos parentes silvestres é a variabilidade genética. Sua conservação é imprescindível para o país enfrentar problemas de abastecimento de alimentação que podem surgir a partir do crescimento da população ou dos efeitos das mudanças do clima.
A partir dos genes dos parentes silvestres, os pesquisadores conseguem criar condições para que as espécies cultivadas enfrentem obstáculos, como pragas ou acidez do solo. "Não podemos buscar caminhos alternativos apenas nos transgênicos. Temos os parentes silvestres e devemos usá-los", explica o coordenador da área de recursos genéticos da Secretaria de Biodiversidade e Florestas, Lídio Coradin. O arroz não é brasileiro. É da Ásia, mas o Brasil possui quatro parentes silvestres dele. "Com o milho acontece o mesmo. Com a pesquisa genética podemos melhorar a inclinação da folha da planta e aumentar o processo de fotossíntese", acrescenta. Segundo Coradin, no Brasil existem 81 espécies de amendoim. Apenas duas delas são cultivadas: uma corresponde ao amendoim popular, que consumimos, outra foi domesticada pelos índios. "As outras 79 espécies são parentes silvestres. Precisamos conhecê-las, cada uma delas deve ter um nome específico, precisamos saber onde elas estão", defende.
As publicações que o MMA pretende lançar em 2007 devem suprir essas lacunas, em se tratando dos sete gêneros estudados. Devem ainda indicar as medidas necessárias para a conservação desses recursos. Além de informações detalhadas sobre as espécies, elas devem apresentar mapas de localização. Esses mapas serão importantes para compará-los com o mapa de Áreas Prioritárias para a Conservação do país e de Áreas Protegidas. "Os parentes silvestres devem influenciar também na criação de unidades de conservação. Algumas áreas devem ser protegidas justamente por terem sido encontradas nelas espécies de parentes silvestres", acrescenta.
Segundo Coradin, o Brasil tem potencial para melhorar geneticamente as espécies cultivadas não apenas para a produção interna, mas para a exportação. O país tem recursos naturais para se tornar um grande exportador de espécies cultivadas de alta produtividade, a partir dos seus parentes silvestres. Além disso, o país pode se beneficiar com a transferência de parentes silvestres com outros países. Inúmeros parentes silvestres da soja, como exemplo, são encontrados na China.
Com essas publicações, o país avança no cumprimento de uma das metas aprovadas recentemente pela Comissão Nacional da Biodiversidade (Conabio) para reduzir a perda da diversidade biológica até 2010: o Brasil deverá ter 60% da variabilidade genética de dez gêneros de parentes silvestres de espécies cultivadas conservados na natureza e fora dela (em laboratório ou em propriedades privadas).
(Por Marluza Mattos, Ministério do Meio Ambiente, 29/12/2006)
http://www.mma.gov.br/ascom/ultimas/index.cfm?id=3038