O leite e a carne de alguns animais clonados são seguros para o consumo e podem ser vendidos nos Estados Unidos, disse a Administração de Alimentos e Drogas (FDA) na quinta-feira (28/12), em uma histórica decisão que deixa essa polêmica tecnologia mais próxima dos carrinhos de supermercado dos norte-americanos.
Se receber aprovação final, a decisão permitiria pela primeira vez nos EUA a venda de carne bovina, suína e caprina clonada, mas não ovina.
A FDA disse que dificilmente recomendará alguma rotulagem especial para os alimentos clonados, mas que isso só será decidido após a consulta pública que começa agora, após a divulgação do relatório preliminar.
A agência disse não ter informações suficientes sobre a carne de cordeiro, mas que a de vaca, porco e cabra não precisa de salvaguardas adicionais.
A técnica da clonagem consiste em retirar células de um animal adulto e fundi-las com outras células antes de implantá-las numa "barriga de aluguel", criando cópias genéticas do animal original. Já há centenas de animais clonados, mas a maioria dos produtores decidiu não vendê-los antes da decisão do FDA.
Defensores dessa tecnologia esperam que ela ajude a produzir animais mais resistentes a doenças, que forneçam mais leite e uma carne magra e macia.
Mas alguns grupos religiosos e de defesa de consumidores se opõem à idéia, argumentando que os cientistas ainda desconhecem todos os efeitos da clonagem sobre a nutrição e a biologia. Eles também querem mais tempo para o debate público sobre a ética da clonagem.
Mais da metade dos consumidores entrevistados numa pesquisa divulgada em novembro pelo Conselho Internacional da Informação Alimentar disse que dificilmente compraria alimentos derivados de animais clonados, independentemente do que diga o governo.
Alguns setores potencialmente afetados também manifestam o temor de que as dúvidas sobre a clonagem afastem os consumidores.
"A clonagem animal é uma tecnologia relativamente nova, e é importante que tenhamos um profundo diálogo deliberativo em que as pessoas possam discutir abertamente quaisquer preocupações", disse nota da Associação Internacional dos Laticínios.
(Por Missy Ryan e Susan Heavey,
UOL Notícias, 28/12/2006)