Dois novos plantios de vegetação nativa da mata atlântica serão realizados nos dias 18 e 19 de janeiro de 2007 em áreas do Projeto Corredor Burarama-Pacotuba-Cafundó, no sul do Estado. Os plantios formarão unidades demonstrativas, informou a engenheira florestal Érica Munaro, do projeto Projeto Corredor Central (Ecológico) da Mata Atlântica.
A engenheira informou que foram implantadas unidades demonstrativas de Sistemas Agroflorestais em duas propriedades da Comunidade Quilombola de Monte Alegre, totalizando 0,5 hectares e 300 mudas. Nos plantios foram intercaladas árvores nativas e frutíferas, com culturas já existentes, como o café, o milho e a abóbora.
O objetivo do plantio foi compor a reserva legal das pequenas propriedades, recuperando o solo degradado e aumentando a cobertura florestal no entorno da Floresta Nacional de Pacotuba. Foram distribuídas também cerca de 250 mudas aos moradores da comunidade.
Os plantios foram realizados através de parceria entre o Ibama, a comunidade de Monte Alegre, o Projeto Corredores Ecológicos e o Instituto Ambiental Cafundó. As mudas foram disponibilizadas pela Pastoral Ecológica de Cachoeiro do Itapemirim.
Nos plantios, serão usadas as seguintes espécies da mata atlântica: abacate amora, araçá, aroeira, cajá, copaíba, goiaba vermelha, imbirema, ipê amarelo, ipê branco, jenipapo, mamão, mexerica, paineira, pinha, saboneteiro, tamarindo, acerola, anda-assu, aroeira, salsa, bicuíba, camboatá, falso pau-brasil, graviola, jatobá, louro, mamão do mato, nêspera (ameixa amarela), palmeira jerivá, pitanga, sete cascas e urucum.
O Projeto Corredor Burarama-Pacotuba-Cafundó incluiu as nascentes do distrito de Burarama, e duas unidades de conservação, sendo uma federal, a Floresta Nacional de Pacotuba e uma privada, a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Cafundó. O Corredor possui tanto atributos biológicos quanto histórico-culturais, abrigando a comunidade quilombola de Monte Alegre e a colônia de descendentes italianos de Burarama.
Clique aqui para ver no site do Iema os projetos dos corredores regionais. Eles fazem parte do Corredor Central da Mata Atlântica, que abrange todo o estado do Espírito Santo e a 85 municípios do sul da Bahia. A região é formada por diversas fisionomias de floresta, manguezais, restingas, brejos e recifes de corais e apresenta maior endemismo conhecido do Brasil.
O Corredor Central da Mata Atlântica é formado basicamente por propriedades privadas, estando apenas 5% sob alguma forma de proteção, sendo 15 territórios indígenas e 49 unidades de conservação.
Clique aqui para ver no site do Iema a área de abrangência do Corredor Central da Mata Atlântica.
Um bioma ameaçado
A mata atlântica é o segundo bioma mais ameaçado do planeta. No Espírito Santo, restam apenas cerca de 7% da vegetação nativa. O Estado perdeu 1,19% de sua cobertura vegetal natural entre 1995 a 2000, e a devastação continua intensa.
No ano passado foram constatados por sobrevôos 944 pontos de degradação na vegetação nativa no Espírito Santo. Na prática, estes pontos se desdobraram em 1069 pontos de degradação, depois de feitas as análises terrestres. De 2004 para 2005, os pontos de degradação praticamente dobraram.
Lideram as agressões à mata atlântica as atividades geradas por mineração e desmatamentos. As queimadas, lixões, barragens e extrações de areia também foram responsáveis pela degradação encontrada na mata atlântica do Estado no ano passado.
No último dia 22 o presidente Luis Inácio Lula da Silva sancionou a Lei da Mata Atlântica. Os ambientalistas lutaram 14 anos pela aprovação do projeto. A lei, já em vigor, deverá assegurar a proteção dos remanescentes da vegetação nativa.
De uma área original superior a 1,3 milhão de quilômetros quadrados, em 17 estados, restam menos de 7% cobertos de mata atlântica. Nos 93% da mata atlântica que foram devastados vivem 110 milhões de brasileiros (incluindo os de grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro).
(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário - ES, 27/12/2006)
http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2006/dezembro/27/index.asp