Desmatamento agravou desastres naturais na Indonésia
2006-12-28
A Indonésia sofreu durante este ano 325 catástrofes naturais, a maioria devida a sua posição geográfica, mas que também foram motivadas pela ação do homem, segundo um estudo realizado pelo Instituto Walhi. O relatório, publicado na quarta-feira pelo jornal local "The Point", indica que os desastres que atingiram o maior arquipélago do mundo não se devem apenas à sua posição --em uma região onde se encontram placas tectônicas instáveis-- mas são provocados cada vez mais pela ação humana.
"Neste ano, a Indonésia experimentou 325 desastres naturais, entre os quais se incluem dezenas de terremotos, inundações, incêndios e erupções vulcânicas", afirmou o Instituto Walhi. O relatório aponta que "83% do território indonésio é considerado vulnerável aos desastres naturais".
Ecologistas denunciam que o desmatamento reduziu a capacidade do ecossistema de regular a água e a erosão do solo. O corte de árvores, legal e ilegal, cresceu enormemente no país com o estabelecimento de empresas dedicadas à produção de biocombustíveis elaborados com óleo de palma.
O último dos desastres naturais foi o das inundações do norte de Sumatra, que deixaram mais de 500 mortos e provocaram o deslocamento de mais de 200 mil pessoas. "Esta não é a primeira vez que este tipo de desastre acontece ", disse à imprensa Togu Manurung, professor do Instituto de Agricultura de Bogor, que apontou as atividades de desmatamento ilegal de florestas em Sumatra como a principal causa das inundações.
"As florestas de Aceh, Riau e o norte de Sumatra foram destruídos, e o mesmo ocorre no centro e no sul de Kalimatan, onde as inundações também alagaram milhares de hectares de terra recentemente", afirma Manurung. A Indonésia tem mais de 400 vulcões, dos quais, segundo o governo, aproximadamente 100 estão ativos, o que deu à região o nome de "Anel de Fogo do Pacífico". Segundo dados das autoridades de Jacarta, o arquipélago enfrenta um terremoto por dia e uma explosão vulcânica anual.
(EFE, 28/12/2006)
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u103202.shtml