Sema contesta dados de desmatamento divulgados por ONGs
2006-12-28
Erros na análise dos dados do recém-criado Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), desenvolvido pelas ongs Instituto Centro de Vida (ICV) e Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), estariam a ampliar indevidamente os índices de desmatamento em Mato Grosso. A afirmação é do secretário de Meio Ambiente, Marcos Machado.
Ontem (27/12), por meio de sua assessoria de imprensa, Machado divulgou uma notícia na qual contesta os resultados do mais recente boletim Transparência Florestal, que é editado pelas ONGs com base nos resultados do SAD.
A publicação apontou um aumento expressivo nas áreas desmatadas entre agosto e setembro deste ano, de 106 quilômetros quadrados para 1.120 quilômetros quadrados. Deste total, segundo as ongs, 88% seriam resultado de desmatamentos ilegais. “Os números estão equivocados e não condizem com a realidade”, disse o secretário.
Um relatório produzido pela equipe técnica da Sema aponta que o SAD contabilizou, como novos desmatamentos, áreas que já haviam sido desmatadas em anos anteriores. Isto teria acrescentado 383 quilômetros à estimativa das ONGs – o equivalente a 34% do total.
Uma das possíveis explicações para os erros estaria na baixa resolução da principal fonte de informação das ONGs, o sensor Modis/NASA. A varredura da Sema é feita com base nas imagens obtidas pelos sistemas LANDSAT TM, que têm mais definição.
Critérios
Por telefone, o diretor-executivo do Imazon, Carlos Souza Júnior, coordenador do SAD, chamou os erros apontados pela Sema como uma simples diferença de metodologia na análise das imagens. “Houve sobreposição sim, mas de conceitos sobre o que é uma área já desmatada”.
Segundo ele, a Sema considera como desmatadas até mesmo aquelas áreas que apenas sofreram cortes seletivos – quando variedades específicas de madeira são extraídas. O SAD, por sua vez, só contabiliza os cortes rasos, que não deixam rastros da floresta que havia antes.
“Havia, portanto, áreas que a Sema já contabilizava como desmatadas, mas que apenas agora sofreram o corte raso. Isso aparece nos nossos indicadores”, explicou o coordenador, que admitiu a baixa resolução do sensor empregado. “A resolução é menor, mas nos permite acompanhar com mais agilidade a dinâmica do desmatamento”.
Por conta desta característica, segundo ele, haveria uma situação contrária à apontada pela Sema. Ou seja, haveria na verdade uma sub-notificação dos desmates. “Nosso sistema subestima o desmatamento em cerca de 10%”.
(Diário de Cuiabá, 28/12/2006)
http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=275000