Preservar o meio ambiente e disponibilizar à população um espaço para lazer e recreação
sem desembolsar recursos públicos. Esse deve ser o sonho de muitos prefeitos do Vale. O
que parece ser impossível pode se tornar realidade. Municípios de fora da região já foram
beneficiados com recursos de empresas que precisam destinar 0,05% dos investimentos que
geram impacto no meio ambiente em unidades de conservação ambiental. O percentual parece
pouco, mas não é, visto que os valores aplicados em obras deste porte - como centrais
hidrelétricas - é muito elevado.
Pensando nisso, a promotora Mônica Maranghelli de Ávila, da Promotoria Especializada de
Estrela, encaminhou ofício às prefeituras de Bom Retiro do Sul, Colinas, Estrela e Fazenda
Vilanova, através do qual solicita a criação, por parte dos municípios, de grupos de
trabalhos para indicação de áreas de relevante interesse ambiental visando a implantação
dos espaços, ação que garantiria e permitiria a destinação destas verbas. Foi o que
fizeram as administrações de Estrela e Fazenda Vilanova, que assinaram termos que
possibilitam a delimitação das áreas. Pioneira, a Prefeitura de Colinas já formata o
projeto, este encabeçado pelo município sem a participação do Ministério Público.
Faça os cálculos
Só a Cooperativa Regional de Eletrificação Rural Teutônia (Certel) projeta investir, em
dez anos, mais de R$ 200 milhões em geração de energia, recursos financiados e oriundo de
parcerias. Envolvem não só o Vale do Taquari, mas também o do Rio Pardo. Neste caso,
levando em consideração somente os investimentos de uma organização, cerca de R$ 100 mil
seriam reinvestidos no Vale do Taquari - 0,05% da aplicação total.
Estrela assume compromisso de adiar erosão
A erosão verificada nos fundos da antiga Polar, lugar conhecido como Buraco dos Cachorros,
preocupa a Administração Municipal e a comunidade local há muitos anos. Mais da metade da
margem do rio já se perdeu num ponto onde a população costumava se reunir para aproveitar
a água e o sol. Era um lugar de encontro e realização do tradicional concurso Rainha das
Praias. Hoje não há mais espaço praticamente nem para sentar e a cada dia a água leva mais
um pouco da terra e as lembranças de uma geração. O assunto já foi alvo de denúncia por
parte do vereador e presidente da Câmara de Vereadores Valmor Griebeler e de investigação
do Ministério Público, que vistoriou o local há algum tempo. Uma reportagem publicada no
suplemento Meio Ambiente do jornal O Informativo do Vale também foi acrescida ao inquérito
civil, que resultou na assinatura de um termo de ajustamento de conduta. Através deste,
será realizado um estudo para delimitar a área que deve ser transformada em Unidade de
Conservação Ambiental, habilitando o local a receber recursos provenientes de investimentos
que geram impacto no meio ambiente. A população deve ser convidada a participar através
de consulta popular.
Para a promotora Mônica Maranghelli de Ávila, trata-se de um patrimônio histórico e
paisagístico que precisa ser preservado. Destaca também o interesse comunitário em proteger
o local como área de relevante interesse ecológico. "Entendo que a única maneira de
resguardar aquilo que sobrou é delimitar a área para garantir sua preservação e, quem sabe,
futura transformação num parque municipal." A prefeitura, conforme a promotora, assumiu o
compromisso de apresentar um projeto de ação para minimizar o impacto nas margens do local
onde será criada a unidade, na extensão da área pertencente à cidade com o objetivo de
adiar a erosão.
Mônica acredita que a ação deve incentivar outros municípios a também implantarem estas
unidades. Além deles, destaca a necessidade de conscientização dos produtores na
recuperação das margens do rio nas propriedades. "Já é o primeiro passo e um marco para o
início da recuperação da mata ciliar", comenta a promotora ao se referir à atitude da
prefeitura.
Fazenda Vilanova se antecipa para conquistar recursos
O prefeito do município, José Luiz Cenci, adiantou-se e já assinou termo de acordo para
realização de estudo de viabilidade para implantação de uma unidade de conservação integral
em Fazenda Juliana. São 19 hectares de área, com lago, mata e ruínas de uma espécie de
atafona. Assim que foi informado da possibilidade, Cenci aprovou a idéia. "Gostaria de
proteger o local e outras áreas ambientais, mas é difícil alocar recursos para este tipo
de ação. Acredito que esta é a oportunidade para desenvolver as áreas sem agredir o meio
ambiente."
Colinas quer aproveitar o relevo
O nome da cidade surgiu devido às montanhas e colinas que cercam o município.
Nada mais acertado do que aproveitar o relevo e vegetação para render recursos e
oportunizar espaços de lazer e turismo, inclusive para a população local. Esta é a
intenção do prefeito Edelbert Jasper que, sabendo da possibilidade de fazer do espaço um
meio de arrecadar recursos, iniciou há seis meses o estudo para averiguar a possibilidade
de transformar as Áreas de Preservação Permanente (APP) em Unidades de Conservação
Integral. "Queremos aproveitar os pontos que circundam o município, e que são de
propriedade da Administração, para desenvolver sem agredir o meio ambiente, o qual pode ser
preservado e explorado de forma turística." O projeto está sendo formatado e deve ser
concluído no primeiro trimestre de 2007.
(
Informativo do Vale, 23 a 26/12/2006)