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2006-12-28
A questão do aquecimento global foi bastante discutida neste ano. A publicação, em outubro, do relatório Stern, elaborado pelo governo inglês, e a realização da principal Conferência Ambiental do mundo, a 12ª. Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-12), em Nairobi, no mês de novembro, acirraram especialmente os debates, disseminando na mídia informações quanto aos efeitos catastróficos deste fenômeno.

O relatório Stern evidenciou que, se não for controlado, o aquecimento global vai devastar a economia mundial. De acordo com dados do relatório, o custo final de uma mudança climática descontrolada pode ficar entre 5% e 20% do PIB mundial a cada ano. Ainda que o relatório confirme o aquecimento global e proponha o crescimento sustentável, ele contrasta com a postura do governo americano frente ao problema, por exemplo, visto que os Estados Unidos continuaram fora do tratado de Kyoto.

Outro relatório, divulgado às vésperas da COP-12, apontou que a África vai enfrentar uma grande catástrofe se os países ricos não atuarem o mais rápido possível para reduzir os efeitos do aquecimento global no planeta. A África é o continente mais vulnerável à mudança climática e, segundo previsões de cientistas, em muitas partes do território africano o aumento da temperatura vai ser o dobro que o da média global.

Não é apenas na África, entretanto, que o aquecimento gera impactos. Conforme o “Atlas da Mudança Climática”, elaborado pelo Instituto Ambiental de Estocolmo com o apoio do Pnuma (Programa da ONU para o Meio Ambiente), diversos locais declarados Patrimônios da Humanidade podem estar ameaçados pelas conseqüências da mudança climática. Na Espanha, o relatório indica que já foram perdidas cem espécies de plantas no último século. No Peru, o derretimento acelerado das geleiras pode causar a ruptura de lagos glaciais e ameaça o parque Chavín de Huantar, que abriga tesouros pré-incas. Na Tailândia, as inundações já danificaram ruínas com 600 anos de Antigüidade e 12 mil sítios arqueológicos da Escócia estão vulneráveis à erosão e ao aumento do nível do mar.

Além disso, o lago de água salgada mais elevado do mundo, no Tibet, expandiu-se mais de 3% nas últimas décadas e, de acordo com os cálculos mais pessimistas dos cientistas, 64% das geleiras chinesas vão derreter até 2050.

A FAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação – apontou, no mês de novembro, que a mudança climática põe em risco a alimentação de humanos, já que ela gera impacto sobre a agricultura, a silvicultura e a pesca. Assim, torna-se mais difícil o desafio de alimentar a crescente população mundial. A Organização ressalta que a bioenergia tem um papel importante na adaptação a essa mudança climática.

Protocolo de Kyoto – COP-12
Na COP-12, realizada no mês de novembro em Nairobi, representantes do governo brasileiro disseram que o país flexibilizou sua posição e poderá assumir metas em uma segunda fase do Protocolo de Kyoto, a partir de 2012. A afirmação quebrou a tradicional dureza do Brasil nas discussões sobre mudança climática, em que o país sempre defendeu que não iria negociar obrigações futuras antes que as nações ricas cumpram metas de redução dos gases que colaboram para o efeito estufa (GEE).

Durante a Conferência, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, registrou nas discussões que o Brasil está sendo bastante proativo, já que combate o desmatamento mesmo ser ter obrigações efetivas com o Protocolo de Kyoto. Outro integrante da delegação brasileira disse que existe, no governo, o entendimento de que o Brasil precisa assumir algum compromisso. Caso contrário, China e Índia também não aceitariam obrigações - ameaçando o futuro das negociações. A posição brasileira foi bastante criticada (leia na matéria Brasil é indicado para receber troféu pejorativo na COP-12, em Nairobi).

A COP-12, enfim, teve como resultados a aprovação da realização de uma nova revisão do Protocolo em 2008, a revisão das regras do fundo que ajudará os países pobres a se adaptarem à mudança climática e a aprovação de que o MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) seja mais equilibrado geograficamente, já que atualmente possui somente nove de seus 400 projetos focados na África.

Tempestades, furacões, terremotos: conseqüências do aquecimento global?
Já no início do ano uma tempestade bastante forte ganhou força e quase se transformou em furacão. A inesperada tempestade tropical Zeta aconteceu no meio do oceano Atlântico, em janeiro, e tinha ventos de 100 km/h. Outra tempestade, que ganhou o status de furacão, entretanto, atingiu o litoral Sul do Haiti com chuvas fortes e ventos, no mês de agosto, e deixou a Flórida em estado de alerta. Também em agosto o chamado furacão John ganhou força e fez com que o México ficasse em alerta, já que possuía ventos de 220 km/h. Esses e outros acontecimentos, como a tempestade tropical Lane, ou o furacão Helene, que aconteceram em setembro, exemplificam fenômenos da natureza que talvez expressem uma espécie de reação da mesma sobre ação do homem no meio ambiente.

No mês de julho, a Indonésia recebeu alerta de um tsunami 45 minutos antes da tragédia. Sem um sistema automatizado na região para repassar o aviso aos habitantes das comunidades locais, a retirada de um número significativo de pessoas ficou inviável. Hospitais da região ficaram lotados e o tsunami causou a morte de 350 pessoas. Na Argentina, um terremoto de magnitude 6,7 estremeceu o noroeste do país no dia 14 de novembro e foi sentido também na cidade de São Paulo, onde a terra tremeu por cerca de um minuto.
(AmbienteBrasil, 28/12/2006)
http://www.ambientebrasil.com.br/rss/ler.php?id=28589

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