Macaco tailandês comunica-se cantando, diz estudo
2006-12-28
Gibões que vivem na Tailândia informam-se uns aos outros sobre a presença de predadores cantando. Esta é a primeira vez que esse comportamento é encontrado em outros primatas que não os seres humanos, informam cientistas. Já se sabia que outros animais usam sons musicais para atrair parceiros ou sinalizar perigo, pesquisadores afirmam, em artigo publicado nesta quarta-feira na revista científica PLoS, serem os primeiros a determinar que o gibão - um macaco esbelto, que vive em árvores - emite advertências sob a forma sons semelhantes a canções.
"Este trabalho é realmente um bom indicador de que primatas não-humanos são capazes de usar uma combinação de chamados... para transmitir informação nova e, neste caso, com o potencial de salvar a vida de outro", afirma Esther Clarke, da Universidade de St. Andrews, uma das autoras do estudo. "Este tido de comunicação referencial é lugar-comum na linguagem humana, mas ainda precisa ser demonstrada de forma mais ampla em alguns de nossos parentes vivos mais próximos - os macacos", declarou ela.
Clarke e colegas passaram os anos 2004 e 2005 no Parque Nacional Khao Yai, na Tailândia, observando gibões. Gibões vivem no alto das árvores, e são conhecidos por emitir sons elaborados que ecoam pela floresta, a uma distância de até um quilômetro, para atrair parceiros. Para testar a resposta dos macacos ao perigo, a equipe colocava modelos de predadores - leopardos, cobras e águias - perto de um grupo dos gibões, e gravava um áudio da reação.
O que se descobriu, diz Clarke, é que os gibões se aproximam do perigo em potencial emitindo uma série de sons - semelhantes aos de um pássaro - que são imitados por outros, e depois por mais outros e assim por diante. Os sons feitos frente ao predador eram mais caóticos e altos que os usados para atrair um consorte, disse Clarke. "Os gibões podem reorganizar suas canções para denotar coisas diferentes, como fazemos com as palavras", disse ela.
(AP, 27/12/2006)
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2006/dez/27/122.htm