Lula quer biodiesel nos postos em 2010
2006-12-28
O governo Lula deve antecipar a meta de mistura de biodiesel ao diesel. A antecipação já estava em estudo na área técnica do governo, mas agora o assunto parece decidido em nível ministerial. Em reunião na última quinta-feira (21/12) no Palácio do Planalto, ficou praticamente acertado que o percentual de 5% de mistura será obrigatório a partir de 2010, e não de 2013, como inicialmente previsto.
A antecipação atende, em parte, ao pedido dos produtores, porque aumenta a demanda pelo produto, o que dará mais segurança aos investimentos previstos. Em busca de garantia, os investidores, que na maioria são esmagadores de soja, querem mais. Eles exigem que a mistura obrigatória de 2% também seja antecipada, de janeiro de 2008 para julho de 2007, e que o governo volte a fazer leilões de compra de biodiesel – o último aconteceu em julho de 2006.
Na última reunião, Lula disse estar confiante na capacidade do setor privado de conseguir produzir biodiesel suficiente para antecipar a meta de mistura de 5%. O presidente afirmou que a antecipação estimularia o setor a incrementar investimentos num momento em que ele debate como acelerar o crescimento do País.
A antecipação terá reflexos positivos no campo. Segundo Pedro Arantes, analista de mercado da Federação da Agricultura em Goiás (Faeg), o biodiesel traz uma nova opção para o setor. Goiás é um dos maiores produtores de soja no País, tem condições climáticas adequadas para plantação de mamona, mas é no girassol que os agricultores estão apostando. “É uma cultura de inverno, pode ser utilizada como segunda safra.” Ou seja, os produtores rurais poderão utilizar suas terras para plantar soja, milho ou feijão e depois da colheita investir no cultivo do girassol.
Renê Pompeu de Pina, secretário de Infra-estrutura e presidente do Comitê do Biodiesel em Goiás, comemora o anúncio da antecipação da obrigatoriedade da mistura. Em sua avaliação, Goiás tem potencial para se tornar um dos maiores produtores de combustível limpo do Brasil. “Os agricultores terão uma opção a mais, pois teremos a demanda bem maior”, frisa.
Arantes alerta os industriários para não focarem sua produção na utilização da soja como matéria-prima. Quando se esmaga uma tonelada de soja, 85% torna-se farelo e só 15% vira óleo. Outra questão levantada pelo analista é o preço da oleaginosa que apresenta recuperação e pode inviabilizar o empreendimento. “Uma cooperativa no Paraná cancelou sseus projetos porque o grão chegou a R$ 30 a saca.”
(Por Cleybets Lopes, Diário da Manhã, 27/12/2006)
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