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2006-12-27
Se fossem consideradas as dimensões ambiental e do desenvolvimento sustentável na elaboração do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da ONU, o Brasil galgaria algumas posições no ranking: passaria da 54ª para a 39ª colocação. É o que releva estudo inédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) obtido pela Folha.

Elaborado pelos pesquisadores Ana Raquel Martins, Fernando Toledo Ferraz e Marcio Macedo da Costa, o trabalho incorporou ao tradicional IDH do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), pesquisado desde 1990, os resultados do ISA (Índice de Sustentabilidade Ambiental), desenvolvido por professores das universidades norte-americanas de Columbia e Yale.

A partir dessa fusão, o índice criado pelos pesquisadores do BNDES passou a considerar as variáveis já contempladas pelo IDH (renda, educação e longevidade) e as do ISA, como a questão ambiental e de sustentabilidade. Foram atribuídos os mesmos pesos às quatros dimensões.

O bom desempenho do Brasil no ISA -11ª posição- explica o resultado relativamente melhor no índice dos pesquisadores brasileiros. As posições, porém, não são as mesmas dos rankings originais. É que, para realizar o estudo, foi necessário harmonizar o grupo de países, excluindo os que não faziam parte das duas listas.

Assim como no IDH, os países escandinavos estão no topo do ranking das nações com melhor índice "híbrido" de desenvolvimento humano. A primeira posição ficou com a Noruega, seguida por Finlândia, Suécia e Islândia. No novo ranking, a posição dos EUA passou da 8ª no IDH original para a 15ª na versão elaborada pelos brasileiros.

"De modo geral, quando a questão da sustentabilidade é incluída, economias maiores, que demandam energia e recursos naturais, são um pouco penalizadas", disse Costa. De acordo com ele, os bons resultados do Brasil na redução da poluição, na defesa dos interesses globais e na disponibilidade de água fizeram o país obter uma boa colocação no ISA e, logo, na nova pesquisa.

Para Costa, o exercício de incluir o ISA como mais uma dimensão do IDH teve como meta complementar o índice do Pnud, que mensura indiretamente a questão do desenvolvimento sustentável ao pesquisar longevidade e renda.

Com isso, países como Brasil, Argentina, Uruguai, Bolívia, Costa Rica e Eslovênia sobem no ranking. Já nações ricas, como EUA, Japão e Reino Unido, perdem posições.

"A existência de grande biodiversidade e de grandes áreas florestais é uma vantagem desses países, além do fato de o ar e a água ainda não estarem tão comprometidos. Os dados mostram que esses países têm uma perspectiva no futuro, advinda dessas vantagens ambientais", afirma Costa.

No caso brasileiro, o avanço do IDH nos últimos anos se deve mais à melhora dos indicadores de educação e esperança de vida do que em razão do crescimento da renda.

No topo da lista
No topo do ranking do índice híbrido, estão países que, além do reconhecido mérito em questões de bem-estar e qualidade de vida, possuem políticas focadas na eficiência do sistema produtivo, tecnologias limpas e produção orientada para o menor impacto ambiental.

Além disso, países como os do norte da Europa, Suíça, Canadá, Nova Zelândia e Austrália têm grande participação do setor de serviços na economia e políticas de preservação do ambiente.

No ranking do IDH, que nasceu da tese de mestrado da técnica do BNDES Ana Raquel Martins, a China caiu de posição por causa dos problemas ambientais que eclodiram com a atual fase de expansão econômica. O país passa da 71ª posição no IDH original para a 76ª no novo índice.
Por Pedro Soares, Folha de S. Paulo, 25/12/2006)
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi2512200605.htm

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