Jornalistas e estudantes de Comunicação debatem áreas protegidas no RJ
2006-12-27
Jornalistas, estudantes de comunicação, pós-graduandos em Ciências Sociais, além de outros profissionais interessados na discussão da temática de Áreas Protegidas estiveram reunidos durante o I Encontro Mídia e Áreas Protegidas, no Auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no último dia 6.
Como programação paralela do II Seminário Áreas Protegidas e Inclusão Social (II SAPIS), organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social do Instituto de Psicologia (EICOS/IP/UFRJ), este evento teve objetivo de mobilizar os profissionais da mídia para debater os fatores que interferem na difusão da informação sobre meio ambiente no Brasil e, principalmente, sobre Áreas Protegidas, além de levantar sugestões para a Estratégia de Comunicação que será construída no âmbito do Plano Nacional de Áreas Protegidas (PNAP).
O PNAP é um instrumento norteador de planejamento e gestão, que define princípios, diretrizes, objetivos e estratégias para o estabelecimento de um sistema abrangente de Áreas Protegidas, que seja ecologicamente representativo e efetivamente manejado, até 2015. A proposta é considerada fundamental para a pactuação das metas que permitirão ao País reduzir a perda de biodiversidade e promover a inclusão social, por meio da consolidação de um sistema ampliado de Áreas Protegidas.
Resultaram diversas avaliações e sugestões dos participantes do evento, que consideram o acesso à informação um dos maiores desafios para a compreensão da sociedade sobre os conflitos, potencialidades e desafios que envolvem as Áreas Protegidas no Brasil, entendidas como espaços essenciais à proteção da biodiversidade, com amplo potencial de inclusão social e redução da pobreza, desde que geridas de forma participativa e com garantia de infra-estrutura necessária ao funcionamento e cumprimento de seus objetivos.
Fatores que dificultam a difusão da informação sobre Áreas Protegidas no Brasil
- Falta de conhecimento sobre a complexidade que envolve a temática de Áreas Protegidas por grande parte dos profissionais de comunicação;
- Interesses políticos e econômicos conflitantes;
- Falta de interesse do poder público;
- Ausência de política pública que resulte no financiamento à mídia ambiental;
- Falta de informação em quantidade e qualidade necessárias à compreensão do grande público sobre o tema;
- Superficialidade na cobertura jornalística sobre o tema e desconhecimento de políticas públicas como o Plano Nacional de Áreas Protegidas (PNAP);
- Falta de ampla divulgação do PNAP pelos órgãos públicos que estão à frente da implementação dessa política pública de proteção à biodiversidade e inclusão social;
- Necessidade de divulgação mais ampla de pesquisas acadêmicas que estão trabalhando com a temática de Áreas Protegidas;
- Excelente know how de difusão, mas pouco interesse pelo aprofundamento da cobertura ambiental pela mídia de massa, sobretudo, em relação às Áreas Protegidas;
- Excelente nível de contextualizaçã o da realidade e cobertura em profundidade, mas capacidade limitada de alcance do grande público pela mídia ambiental.
Sugestões para a estratégia de comunicação que será construída no âmbito do Plano Nacional de Áreas Protegidas (PNAP) e fortalecimento da difusão sobre o tema
- Investimentos em ações educacionais em todos os níveis de ensino, em instituições públicas e privadas do País;
- Criação de planos de mídia nas empresas que contemplem e valorizem a mídia ambiental;
- Designação de um percentual para a mídia ambiental brasileira em torno de 5% das verbas de publicidade do governo federal;
- Articulação de redes de informação como a Rede Brasileira de Informação Ambiental (REBIA) e Rede Brasileira de Educação Ambiental (REBEA), manutenção de banner e página nos portais destas redes com informações sobre o PNAP;
- A criação de campanhas que ajudem a esclarecer a sociedade sobre a importância das Áreas Protegidas para um País de megadiversidade como o Brasil;
- Ações de mobilização da imprensa nacional com divulgação de informações sobre Áreas Protegidas brasileiras que possam resultar em pautas jornalísticas de interesse local, regional e nacional;
- Produção de material informativo, ações educacionais e de sensibilização direcionadas às comunidades do entorno ou do interior de Áreas Protegidas;
- Integrar a divulgação de informação ambiental e, principalmente, sobre as Áreas Protegidas em projetos culturais, objetivando facilitar a compreensão da complexidade do tema junto à sociedade;
- Capacitação dos profissionais que atuam na mídia de massa, nos veículos alternativos, órgãos públicos, empresas privadas, entre outros segmentos com capacidade de difusão da informação;
- Mobilizar os integrantes da Rede Brasileira de Jornalistas Ambientais (RBJA) a fim de selecionar capacitadores e profissionais ou estudantes interessados em participar de eventos de capacitação sobre Áreas Protegidas;
- Que a capacitação da mídia seja realizada a partir da promoção de encontros regionais e nacionais, cursos virtuais e presenciais, além de visitas aos Parques Nacionais e outras categorias de Áreas Protegidas, a fim de facilitar a compreensão da problemática relacionada ao tema;
- Criação de bancos de textos, matérias e artigos sobre Áreas Protegidas de fácil acesso para a mídia e a sociedade, além de criação de publicações educativas específicas e regionalizadas;
- Promover o funcionamento de fato do Fórum Nacional de Áreas Protegidas como espaço privilegiado de comunicação, debate e articulação, interligando- o às redes de informação como a REBIA, REBEA, RBJA, entre outras.
Participaram 30 debatedores.
(Por Elizabeth Oliveira, Jornal do Commercio – RJ, 26/12/2006)