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2006-12-27
Embora sejam vizinhos de um gigante sistema de distribuição de água, indígenas mazahuas do Estado do México, próximo à capital, não dispõem desse recurso e sofrem de pobreza aguda. Desde o dia 11, quando fecharam as válvulas de uma estação do sistema em sinal de protesto, mulheres dessas comunidades se mantêm em estado de atenção e ameaçam radicalizar. “Preferimos a prisão a continuar sem água”, disse ao Terramérica Beatriz Flores, uma das integrantes do chamado Comando Geral do Exército de Mulheres Mazahuas pela Defesa da Água.

O protesto do grupo, que apesar de seu nome se diz pacífico, consiste em manter um acampamento com cerca de 50 a 70 pessoas nos arredores da estação de tratamento Los Berros, no município mazahua de Villa Victoria. Essas instalações, onde fecharam as válvulas, são parte do sistema hidráulico Cutzamala, que abastece a capital e parte do Estado do México. Flores, indígena de 27 anos, com três filhas pequenas, combina seus trabalhos domésticos com a atividade em busca de água. Sua família sobrevive graças a uma horta que mantém em sua terra e a um extenuante trabalho de seu marido no campo.

“Pedimos que forneçam água para nossas casas, e também que proporcionem um plano integral de desenvolvimento para sairmos da pobreza. Por isso, não partiremos até sermos atendidas”, disse Flores em entrevista ao Terramérica. Sob pressão, o governo do presidente Felipe Calderón iniciou negociações com as mulheres, mas alguns funcionários explicaram que parte das demandas já haviam sido atendidas em 2004, quando os mazahuas realizaram seus primeiros protestos.

No Estado do México vivem pouco mais de cem mil mazahuas, distribuídos em 13 municípios majoritariamente rurais, nove deles considerados altamente marginalizados. O sistema hídrico Cutzamala, construído nos anos 80, passa perto de suas comunidades, mas a maioria delas não conta com água. Com o Cutzamala, houve dano às condições ambientais, sociais, culturais e econômicas dos povos originários mazahuas do México e surgiram numerosos problemas e uma resistência camponesa cada vez mais organizada, afirma o não-governamental Tribunal Latino-Americano da Água, com sede na Costa Rica. Beatriz Flores, que tem de caminhar dois quilômetros para conseguir um pouco de água para uso diário, trabalho que compartilha com sua filha de oito anos, conversou por telefone com o Terramérica, de Villa Victoria.

Terramérica: As autoridades dizem que já foram atendidas, em 2004, muitas das reivindicações, que foram abertas estradas em suas comunidades, entre outras ajudas. Isso é verdade?
Flores: Nestes dois anos que estamos em luta não nos apoiaram realmente em nada. Deram algumas ajudas, mas os líderes que tínhamos ficaram com parte dos benefícios e dos recursos. Tudo ficou inconcluso, estradas pela metade e até alguns banheiros secos (vasos sanitários que funcionam sem água) que nos deram estão jogados por aí.

-- O que pretendem fazer daqui para frente. Confiam no governo?
-- Há algum tempo anunciamos que um dia ocuparíamos a estação de tratamento Los Berros, e chegou o momento. Continuamos na estação e, até o governo se voltar para nós e mudar nossa região, vamos permanecer. Além disso, se não cumprirem as promessas fecharemos novamente as válvulas, e, desta vez, completamente. Nos dizem que até janeiro solucionarão nossos problemas, tomara que não nos enganem.

-- Estão conscientes de que fechar as válvulas é um delito federal grave?
-- Nosso protesto continuará apesar de tudo. Se o governo não cumprir o que prometeu, tomaremos novamente o sistema. Já dissemos que preferimos a prisão a não ter água. E que fique claro que não pedimos apenas água, mas um plano integral para sair da pobreza.

-- Por que são as mulheres que lideram os protestos, onde estão os homens?
-- Nós estamos lutando porque somos as que mais sofremos o problema da falta de água em nossas casas, somos nós que mantemos o lar. Os homens trabalham na agricultura, mas nós carregamos a água. E eles nos apóiam.

-- Como enfrentam a carência de água?
-- O sistema Cutzamala tem tudo e é injusto não termos água. É muito difícil viver assim, pois com a água poderíamos fazer muitas coisas, porém nos sentimos amarradas sem ela. Temos que buscar água a cerca de dois quilômetros de distância, trazer em burros e garrafões de 20 litros para fazer a comida e o que precisamos. Vou pela manhã e minha filha de oito anos vai à tarde.

-- Por que as autoridades não as apóiam?
-- Não entendemos bem porque nos abandonam. Os indígenas não têm apoio. Não querem ver nossos problemas. Mas estamos fortes e decididas e a luta continuará até conseguirmos mudar a região e termos água para todos.
(Por Diego Cevallos, Terramérica, 26/12/2006)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=26138&edt=1

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