Plano cicloviário inicia no primeiro semestre de 2007 com ações para reduzir mortes no trânsito
2006-12-26
A Secretaria de Mobilidade Urbana pretende implantar cerca de 15 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas a partir do segundo semestre de 2007 em Porto Alegre. O Plano Diretor Cicloviário prevê a construção de 50 quilômetros de ciclorotas na cidade como incentivo ao transporte não-motorizado. O secretário Luiz Afonso Senna informou também que a prefeitura debaterá temas como os engarrafamentos na região da Estação Rodoviária e ações específicas para a educação de motociclistas, principalmente os motoboys. Os trabalhos serão voltados para a redução no número de mortes no trânsito da Capital. Senna acredita também que num prazo de oito a dez anos Porto Alegre vai discutir a necessidade da construção de uma Quarta Perimetral.
Jornal do Comércio - Quando será implantado o Plano Diretor Cicloviário de Porto Alegre?
Luiz Afonso Senna - Esperamos consolidar o Plano Diretor Cicloviário que já está em desenvolvimento no segundo semestre de 2007 com a implementação de 15 quilômetros de ciclovias ou ciclofaixas. Em Porto Alegre, a Secretaria de Mobilidade Urbana trabalha com a identificação de 50 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas que serão caracterizadas como ciclorotas. A idéia é que as pessoas possam sair de casa e chegar ao trabalho, faculdade ou parques utilizando uma rede em que a bicicleta seja o veículo prioritário.
A ciclofaixa é a pintura feita que identifica no tráfego de veículos um pedaço para o uso de bicicletas. Por exemplo, o Caminho dos Parques, se não fosse tão ruim, seria uma boa ciclofaixa. Uma ciclovia é a que existe, por exemplo, na avenida Beira-Mar em Florianópolis que é uma via segredada com divisores físicos que impede o uso do espaço pelos carros.
JC - Qual será o custo para implantação do Plano?
Senna - O projeto tem um custo de R$ 400 mil e ainda existe a possibilidade do recebimento a fundo perdido de cerca de US$ 3 milhões da ONG Global Enviromment Facility que é um organismo internacional de apoio às questões ambientais. Eles priorizam investimentos ambientalmente amigáveis como as ciclovias e ciclofaixas porque incentivam o transporte não-motorizado. Uma parte dos recursos, cerca de US$ 1 milhão, deverá ser aplicada na construção de ciclovias, ciclofaixas e de bicicletários, como por exemplo na Orla do Guaíba, Restinga, Centro, Zona Norte e uma outra que interligue as universidades.
JC - A imprudência de motociclistas preocupa a EPTC?
Senna - Em 2007, o foco da Secretaria e da EPTC será voltado para ações educativas com os motociclistas. Todas as estatísticas mostram que estamos conseguindo uma redução no número de mortos no trânsito, no entanto, houve um aumento no número de vítimas fatais com motos, principalmente entre motoboys. Vamos trabalhar a conscientização, a informação e o respeito às regras de trânsito. Os motoqueiros representam 10% da frota da Capital que hoje é composta por 550 mil veículos.
JC - Porto Alegre necessita de uma Quarta Perimetral? Onde seria construída?
Senna - Hoje ainda não, mas acredito que num prazo de oito a dez anos, será necessária uma outra Perimetral com enfoque metropolitano. A proposta de um novo sistema viário está sendo discutida em conjunto por técnicos da Secretaria de Mobilidade Urbana, da Metroplan e da Trensurb. Esta Quarta Perimetral faria parte de uma mobilidade com dimensão metropolitana. O foco seria, além de Porto Alegre, os municípios de Alvorada, Cachoeirinha e Gravataí.
JC - Como solucionar os engarrafamentos na região da Rodoviária e entorno? No caso da Rodoviária, não seria o caso de trocá-la de local?
Senna - Uma alternativa seria a troca de local da Estação Rodoviária. No entanto, nós optamos pelo Projeto Portais da Cidade. O congestionamento na Estação Rodoviária existe em função de que um conjunto muito grande de ônibus que saem do Túnel da Conceição, param no local e depois retornam para a Mauá. O Projeto Portais da Cidade espera terminar com este problema porque não haverá mais ônibus circulando no Túnel da Conceição. A idéia é que os ônibus que vêm das avenidas Protásio Alves e Osvaldo Aranha sigam em direção ao Terminal Zumbi dos Palmares onde terá um dos Portais. Os ônibus tipo linha rápida dos Portais serão responsáveis pelo fim dos congestionamentos na Rodoviária e na Mauá. A Rodoviária, que é uma concessão estadual, precisa de alguns ajustes e, em algum momento, ela terá que ser transferida de local.
(Jornal do Comércio, 26/12/2006)
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