Presidente eleito do Equador suspende visita à Colômbia por causa de herbicidas
2006-12-23
O presidente eleito do Equador, Rafael Correa, anunciou hoje que suspendeu sua viagem à Colômbia, prevista para esta noite, porque o Governo do presidente colombiano, Álvaro Uribe, mantém o uso de herbicidas na fronteira entre os dois países. O Governo colombiano lamentou a decisão. Mas manteve a sua estratégia de combate às drogas na região.
"Com muita tristeza decidimos suspender a viagem a Bogotá. A visita simplesmente é impossível enquanto a fronteira é bombardeada com glifosato", declarou Correa em Caracas, durante uma entrevista coletiva com o presidente venezuelano, Hugo Chávez. O presidente eleito equatoriano informou que Uribe solicitou um encontro "nesta sexta-feira, no Equador" com ele e com o presidente equatoriano interino, Alfredo Palacio, para discutir o assunto.
"Os braços estão abertos para Uribe. Conversamos esta tarde, e ele me disse que pediria ao presidente Palacio uma reunião entre nós três. Eu respondi que ficarei encantado por conversar com ele", disse Correa. O governante eleito anunciou que a visita à capital colombiana, onde tinha prevista uma reunião com Uribe, dependia da suspensão das dispersões de herbicidas, pelo menos enquanto estivesse no país vizinho.
Correa pediu "a solidariedade de toda América Latina" ao seu pedido à Colômbia. Para ele, o uso do glifosato na fronteira é uma situação "intolerável" e uma "agressão ao povo equatoriano". "Acho que deve haver a solidariedade da América Latina a um pedido extremamente justo do Equador. Esperamos que o presidente Uribe atenda ao pedido do Equador, e contamos com o apoio da América Latina nesta situação, que é intolerável", afirmou.
Para o governante eleito "não é possível que para erradicar a coca, um problema muito grave para a Colômbia e toda a região, seja preciso dispersar glifosato via aérea, matando cultivos lícitos, danificando ecossistemas e prejudicando a saúde do povo que vive na fronteira".
"Por isso pedimos com todo o respeito, mas com firmeza, que o presidente Álvaro Uribe suspenda a estratégia. Sempre estaremos dispostos a conversar, mas não toleraremos a dispersão de glifosato na fronteira norte do Equador", acrescentou Correa. O presidente eleito equatoriano finalizou hoje uma visita de dois dias a Caracas na qual se comprometeu com Chávez a desenvolver uma série de acordos nas áreas energética, social e política depois de assumir o Governo equatoriano, dia 15 de janeiro.
Em Bogotá, o ministro do Interior e Justiça da Colômbia, Carlos Holguín, numa primeira reação oficial, disse que "não era necessário" agir assim, e defendeu o uso de herbicidas para erradicar os cultivos ilegais. "É lamentável e acho que não era necessário agir assim. Mas espero que os equatorianos entendam que não podemos deixar qualquer pedaço de território nacional se tornar um santuário para o cultivo ilícito", disse Holguín aos jornalistas.
Holguín afirmou que o Governo do presidente Álvaro Uribe continuará trabalhando para acabar com a coca em todo o país. Ele e o ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, reafirmaram que a Colômbia não suspenderia o uso de herbicidas antes de acabar com as plantações de coca.
(EFE, 22/12/2006)
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