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2006-12-22
Mercados internacionais adotaram um programa obscuro apoiado pela ONU de uma abordagem favorecida para limitar o aquecimento global. Mas as primeiras tentativas revelaram alguns problemas escondidos. Pelo programa, mercados em nações mais ricas da Europa e no Japão ajudariam a pagar para reduzir a poluição nos mais pobres como uma maneira de se manter dentro dos limites governamentais para emitir gases como o dióxido de carbono, como parte do protocolo de Kyoto.

Entre os seus alvos está uma grande fábrica química que está enferrujando aqui no sudeste da China que emite tanto quanto um milhão de carros nos EUA, cada um com 19,000 km rodados. Para limpar essa fábrica será preciso um incinerador que custa US$ 5 milhões – muito menos que o custo de limpar inúmeros carros, ou outras fontes de poluição na Europa e no Japão.

Mas as empresas estrangeiras irão pagar quase US$500 milhões pelo incinerador – 100 vezes o seu custo. O preço alto está baseado no mercado europeu de emissão de dióxido de carbono. Como o gás desperdiçado tem um efeito mais poderoso no aquecimento global do que emissões de dióxido de carbono, as empresas terão que pagar um preço muito mais caro que a própria limpeza.

Os enormes lucros disso serão divididos pelos donos da fábrica química, um fundo de energia do governo chinês e os consultores e banqueiros que fizeram o negócio acontecer. Mesmo que centenas de milhares de dólares sejam destinados para a indústria do refrigerante, países na África subsariana, que originalmente foram vistas como grandes beneficiários do mercado de emissões, estão recebendo quase nada. Só quatro nações – China, Índia, Brasil e Coréia do Sul – estão recebendo quatro quintos dos pagamentos do programa, e a China está recebendo quase metade.

Esses pagamentos também ilustram objetivos conflitantes do protocolo de Kyoto e de Montreal, um acordo de 1987 que requeria o esvaziamento das substâncias. O problema é que o programa de trocas feito pela ONU, conhecido como Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, está ajudando a manter uma indústria que outra organização internacional está tentando acabar.
(Por Keith Bradsher, The New York Times, 21/12/2006)
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