Discussão quase histórica na cidade, a construção do Autódromo Internacional de Passo Fundo pode realmente ficar apenas no projeto. A Fepam negou a solicitação de licença prévia para a construção do empreendimento. Conforme o laudo, a área - situada em frente ao Parque da Efrica, às margens da BR 285 - é de relevante interesse ecológico.
Um autódromo internacional na cidade. A idéia, considerada um sonho para uma parcela dos passo-fundenses, transformou-se numa seqüência de episódios e impasses. Tudo provocado pelo lugar onde seria construído o autódromo: uma área de 28 hectares próxima ao Parque Wolmar Salton.
As discussões iniciaram quando representantes de grupos ecológicos da cidade contestaram o local. Segundo eles, a área teria importante interesse ecológico e poderia influenciar no abastecimento de água na cidade. Para conseguir a construção de um autódromo, a Associação Pró-Autódromo chegou a anunciar que adaptaria o projeto e reconsideraria a questão ambiental. Por alguns momentos, o ronco dos motores chegou a se aproximar de Passo Fundo. Representantes da Federação Gaúcha de Automobilismo vieram ao município no primeiro semestre e se comprometerem a alocar recursos para o recapeamento do asfalto do autódromo. Mas antes deveria ser resolvida a questão ambiental.
Por um determinado período, a polêmica passou batida e não se ouvir falar praticamente mais nada. Alguns meses passaram e agora um parecer emitido pela Fepam (Fundação Estadual de Proteção Ambiental) pode dar fim ao projeto de construção de um autódromo em Passo Fundo. Solicitada pela prefeitura, a solicitação de licença prévia da área para o empreendimento foi negada pela Fepam. No documento, publicado no site da fundação, técnicos alegam que a área é de é relevante interesse ecológico. O Executivo foi informado do deferimento pela própria Fepam.
Os motivos
No indeferimento de licença extraído pelo O Nacional do site da fundação, os técnicos apontaram os principais motivos. Os itens estão na íntegra abaixo:
- A área é de relevante interesse ecológico;
- A área apresenta nascentes formadoras de cursos de água, cuja importância é fundamental para o abastecimento de água na cidade, bem como para a manutenção dos ecossistemas adjacentes;
- Por se tratar de um empreendimento de significativo impacto ambiental e pela proximidade da área de preservação permanente, apresentando risco de ocorrência de impactos significativos aos recursos hídricos.
(Fonte: Fepam)
"Se Passo Fundo não quiser autódromo, não vai ter"
Presidente da Associação Pró-Autódromo Cidade de Passo Fundo, Hugo Vargas Filho revela que o grupo já está em consideráveis tratativas desde a divulgação do resultado do laudo. Sem adiantar detalhes, ele disse que poderá ter novidades sobre o futuro do autódromo a partir de janeiro do próximo ano.
Sobre o fato de a Fepam ter negado a licença prévia, Hugo Vargas filho lembra que o resultado é apenas um parecer e pode ser contestado. "Precisamos ver a postura do prefeito e outras tratativas ainda. Por isso, só em janeiro. Nós queremos o projeto, mas não sei se haverá mais interesse. Com esse indeferimento, a área fica praticamente impossibilitada. Talvez, só com ingresso na Justiça", diz.
"Não nos sentimos vitoriosos"
Vários grupos unidos defendiam a não construção de um autódromo no lugar próximo ao parque Wolmar Salton, entre eles, o Grupo Ecológico Sentinela dos Pampas. Segundo o presidente da entidade, Paulo Fernando Cornélio, a equipe trabalhou para que o projeto não se concretizasse naquele local porque a área é frágil, onde estão rios que abastecem a população de todo o município. "Não nos sentimos vitoriosos. De forma alguma fomos contrários ao empreendimento. Batemos na tecla de que o local não era adequado", diz.
De acordo com Cornélio, o grupo pretende marcar uma reunião com o Executivo para montar uma comissão a fim de estudar possíveis locais.
(
O Nacional, 21/12/2006)