Mais praticidade com embalagem 'plantável'
2006-12-21
Uma embalagem que pode ser plantada junto com a muda no solo. A novidade, desenvolvida no Instituto de Química (IQ), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), pretende dar mais praticidade ao agricultor no manejo da lavoura, conforme explica a doutoranda Ana Paula Lemes, uma das autoras da pesquisa, junto com os professores Nelson Duran e Lúcia Innocentini-Mei. 'Por ser 100% biodegradável o material pode ser enterrado no solo junto com a muda', explica Ana Paula.
Segundo a doutoranda, os estudos começaram há três anos, a partir de um plástico (polímero) biodegradável já fabricado comercialmente (PHBV). 'Tentamos desenvolver um novo produto, também biodegradável, mas que tivesse um custo menor.' O novo material foi, então, obtido a partir da mistura do PHBV - produzido a partir da fermentação de bactérias - com um componente derivado da madeira (lignosulfonato). 'A preocupação era que o material fosse 100% biodegradável', diz.
Testes
Segundo Ana Paula, o material foi testado em laboratórios. 'Foram feitas barras, de cerca de 10 centímetros de comprimento, do material e do PHBV. Os dois materiais foram, então, enterrados no solo e retirados após 50 dias', descreve. 'Após desenterrar as barras, constatamos que, no período analisado, o nosso material perdeu 30% de massa, enquanto o PHBV perdeu 10%.' 'Os dois materiais são totalmente biodegradáveis; a diferença, porém, é que o material desenvolvido na pesquisa foi decomposto mais rapidamente.'
Nutrientes
Ana Paula destaca outra vantagem do novo material: 'Ele pode ser enriquecido com nutrientes, que podem ser liberados no solo.' Este, aliás, será o próximo passo da pesquisa. 'A próxima etapa inclui, também, moldar o plástico como uma embalagem para mudas e enterrar em solo', adianta.
Ana Paula explica que o lignosulfonato tem qualidade quelante, isto é, é capaz de 'seqüestrar' ferro, zinco, cobre, manganês, magnésio e outros componentes, formando complexos metálicos solúveis. 'A embalagem pode fornecer, aos poucos, metais na forma de micronutrientes à planta a ao solo. Se a planta precisa de ferro, por exemplo, o metal pode ser adicionado na formulação do material e ser liberado durante a biodegradação.'
A tecnologia pretende, ainda, evitar desperdício, racionalizando a quantidade de adubo aplicada nas lavouras. 'A idéia é oferecer ao agricultor um produto prático, biodegradável e rico em nutrientes.'
(Por Fernanda Yoneya, O Estado de S. Paulo, 20/12/2006)
http://txt.estado.com.br/suplementos/agri/2006/12/20/agri-1.93.1.20061220.34.1.xml