O Uruguai negou na quarta-feira relatos da imprensa de que teria dado por encerrada a mediação da Espanha num conflito ambiental com a Argentina, mas reiterou que não negociará se continuarem ocorrendo bloqueios na fronteira. Os dois países vivem há mais um conflito diplomático por causa da construção de uma fábrica de celulose na margem uruguaia do rio Uruguai, que delimita a fronteira. A Argentina afirma que a fábrica seria nociva ao meio ambiente.

Montevidéu alega que a fábrica da finlandesa Botnia terá a melhor tecnologia existente e defende o investimento de aproximadamente 1,1 bilhão de dólares, um dos maiores da história uruguaia. Mas ambientalistas argentinos contrários ao projeto decidiram interromper de forma permanente o principal acesso terrestre ao Uruguai e de forma intermitente um outro, deixando apenas uma rota aberta.

"O Uruguai disse ao facilitador Espanha e a todos que tenham querido ouvir que, com as pontes cortadas, com o Uruguai bloqueado, não há negociação possível", disse o chanceler Reinaldo Gargano a uma rádio local. Em novembro, quando o diálogo bilateral parou, a Argentina pediu ao rei Juan Carlos, da Espanha, que "facilitasse" as conversações. O rei enviou um mediador à América do Sul.

O chanceler uruguaio disse que seu país continua respaldando tal mediação e negou informações publicadas pela imprensa argentina de que Montevidéu havia dado o processo por encerrado devido aos bloqueios. "A postura do Uruguai será manter uma negativa em negociar, o que não quer dizer dialogar", disse Gargano, que atribuiu a notícia divulgada no país vizinho a "uma má interpretação".
(Por Conrado Hornos, Reuters, 20/12/2006)
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