Acordo protegerá mata ciliar em Catuípe
2006-12-20
Importante audiência pública na Promotoria de Justiça de Catuípe definiu a forma de
preservação e recuperação da mata ciliar do Rio Ijuí e de seus afluentes em todo o
território do Município, através de assinatura de termo de compromisso de ajustamento com
68 agricultores. O evento, ocorrido dia 14 deste mês, foi organizado pelo Ministério
Público da Comarca, sob a coordenação do promotor Nilton Kasctin dos Santos, e contou com
a presença de mais de 100 pessoas, entre o prefeito de Catuípe, Joelson Baroni, e demais
autoridades do Município e de outras cidades da região, técnicos e agricultores.
Na audiência ocorreram pronunciamentos de autoridades e técnicos, destacando-se a do
promotor de Justiça de Tucunduva, Ronaldo Adriano de Almeida Arbo, que relatou sua
experiência na coordenação de projetos de recuperação da mata ciliar do Rio Uruguai. Após
intenso debate, com inúmeros questionamentos por parte dos agricultores, foi formalizada a
proposta de compromisso de ajustamento pelo promotor Nilton Kasctin, no sentido de
isolamento de uma faixa de 50 metros nas margens do rio, e 20 metros em relação a todos os
seus afluentes.
Esse isolamento, por cercas de arame, segundo a proposta inicial, teria que ocorrer no
prazo de seis meses. Entretanto, após horas de debates e negociações, o Promotor concordou
em diminuir a faixa de isolamento da margem do Rio Ijuí para 40 metros e alongar o prazo
de cumprimento para um ano. Assim, houve a assinatura do termo de compromisso por todos os
66 agricultores presentes.
De acordo com Nilton Kasctin, que há anos atua na proteção ambiental da região e possui
vários trabalhos científicos enfocando temas sociais como meio ambiente e infância, “esse
evento, sem dúvida, significa a ação prática mais importante ocorrida na região nos
últimos anos sobre proteção ambiental. Daqui a bem poucos anos poderemos ver a restauração
da mata ciliar em todo o rio Ijuí no território de Catuípe, com reflexos positivos na
flora, na fauna, na nossa qualidade de vida e também na economia, haja vista que as
propriedades e produtos rurais, num futuro bem próximo, valerão mais se estiverem
relacionados a um contexto de exploração sustentável dos recursos naturais”.
O promotor Nilton ainda referiu que a forma de proteção da água no Brasil é muito mais
político-burocrática do que prática: “Há muita legislação, muita norma constitucional e
administrativa, muita reunião, muito discurso, mas pouquíssima ou quase nada de ação.
Sobram ONGs, órgãos ambientais e campanhas meramente retóricas, estas sempre acompanhados
das surradas críticas aos americanos, mas faltam ações locais, faltam mudanças de atitude.
De nada vale criticarmos os americanos ou discursarmos sobre a camada de ozônio,
aquecimento da terra, devastação da Amazônia ou coisa semelhante, enquanto os rios da
porta da nossa casa continuam sem mata ciliar. Em outros termos, não temos moral para
exigir proteção ambiental por parte dos outros, se não estamos fazendo nada para dar
cumprimento a uma lei de 1965, que proíbe o uso particular das margens dos rios”.
(Ministério Público do RS, 19/12/2006)
http://www.mp.rs.gov.br/ambiente/noticias/id10006.htm