O valor aproximado do investimento necessário em rede e tratamento de esgoto nos 34 municípios da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos é de R$ 1 bilhão, informa o diretor do Departamento de Recursos Hídricos (DRH) da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Rogério Dewes. Ele participou de audiência pública na manhã desta terça-feira (19/12), na Assembléia Legislativa. O evento da Comissão de Assuntos Municipais tratou das bacias dos rios dos Sinos e Gravataí.
O executivo do DRH informou ainda que está sendo feito um plano de saneamento, iniciado em 2005 e que deverá ficar pronto em 2007. O projeto inclui a Bacia do Sinos. “O que pode ser feito, a curto prazo, são medidas paliativas. A solução só virá a longo prazo, através de grandes programas, que custam caro”, prevê.
Dewes disse ainda que a mortandade de peixes no rio dos Sinos não é supresa, já que o despejo de esgotos industrial e doméstico é alto e contínuo. Outros problemas são a retirada de água para a indústria e agricultura, em grandes volumes. ”Quando chove, melhora um pouco o nível de oxigenação. Sem precipitação, tudo piora. E não está descartada outra mortandade”, osbserva.
Números da Fepam mostram piora em todos setores
O engenheiro Ênio Leite, que há 26 anos trabalha no órgão ambiental do Estado, apresentou números do monitoramento do Rio dos Sinos em 12 pontos, entre a nascente, em Caraá, e o município de Canoas. A análise é feita todos os meses, desde 1990. O quadro apresentado por ele é desanimador. Há piora em todos os quesitos, a cada ano que passa.
“O rio está morrendo lentamente, em partes”, advertiu. Leite conta que o problema não é de hoje, garante ter visto casos piores do que o da tragédia de outubro. “O que aconteceu não é novidade para pescadores e pessoas que moram próximo ao local. É um problema crônico. Esse chamou a atenção porque a Fepam colocou uma rede, retendo os peixes. Resolveu mostrar a cara do Rio dos Sinos. Antes, quando a imprensa chegava, os peixes já estavam no Guaíba”, diz ele.
Um dos indicadores da qualidade do rio é a quantidade de oxigênio dissolvido. Em três pontos, o nível está abaixo de 1mg por litro de água – a partir de 2mg oxigênio por litro já há grande perigo de mortandade.
“Depois da chuva, o índice subiu para 2,9. Mas isso pode piorar a qualquer momento. Em locais críticos, como o arroio Luiz Rau, em Novo Hamburgo, em 25% das vezes em que foi feita análise o nível de oxigênio era tão baixo que poderia provocar mortandade de peixes. No arroio Portão, esse número sobe para 30% das vezes”. A situação também é preocupante em itens como nível de coliformes fecais e quantidade de metais pesados.
(Por Guilherme Kolling,
JornalJÁ, 20/12/2006)