As regiões da Depressão Central e da Metade Sul estão entre os locais mais favoráveis ao
plantio de florestas no Estado, aponta estudo de zoneamento ambiental elaborado pela
Secretaria Estadual do Meio Ambiente. A pesquisa, divulgada hoje (20/12) pelo governo,
mostra ainda que em parte do Litoral Norte essa atividade prejudicaria a natureza.
O zoneamento representa o primeiro passo na formatação de uma política florestal no Rio
Grande do Sul. O trabalho mostrará a sensibilidade de cada área do mapa gaúcho, que foi
dividido em 45 unidades, ao plantio de florestas, levando em consideração aspectos como
solo, hidrografia e fauna e flora local.
- Não é um estudo conclusivo, traz apenas diretrizes, e ainda será discutido e
aprofundado - explica Sílvia Pagel, engenheira florestal da Fundação Estadual de Proteção
Ambiental (Fepam).
Especialista diz que é preciso estabelecer limite
O presidente da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), Roque Justen, entidade
que congrega 57 empresas do setor, acredita que somente estudos mais aprofundados
realizados em cada município serão capazes de determinar com exatidão as áreas aptas.
A expectativa dos fabricantes de celulose que estão investindo no Estado - Votorantim
Celulose e Papel (VCP), Stora Enso e Aracruz - é de que o estudo sirva como informação
para a compra de terras destinadas ao plantio de eucaliptos.
No entanto, o gerente de meio ambiente da VCP, Fausto Camargo, diz que o documento, por
não ser ainda conclusivo, não endossará a compra de novas propriedades. Mais do que os
locais adequados, a discussão da implantação de florestas no Estado deve ser norteada
pelos métodos de plantio e manejo, defende o professor do Departamento de Ciências
Florestais da Universidade Federal de Santa Maria Mauro Schumacher.
- O zoneamento mostrará que procedimentos devem ser tomados em cada área - explica.
Se obedecidas as instruções corretas em relação ao espaçamento e o cuidado para evitar
concentração de árvores num mesmo local, o florestamento não representa ameaça ao
ecossistema e será uma opção de renda ao produtor, avalia Schumacher.
A presidente da Fundação Gaia, Lara Lutzenberge, endossa:
- O problema não é o florestamento em si, mas a dimensão que ele toma. É preciso
estabelecer limites.
Para seu filho ler
Três grandes empresas estão comprando terras para plantar eucaliptos no Estado e usar
essas árvores na produção de celulose e papel. Mas nem todos os lugares são apropriados
para o plantio porque podem prejudicar a natureza. Por isso, o governo estadual fez um
mapa mostrando onde se pode ou não pode plantar eucalipto sem danos a animais e outras
plantas.
(
Zero Hora, 20/12/2006)