Se os governos nacionais não adotarem medidas mais “ambiciosas” para proteger o meio ambiente, o alcance de todos os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio será prejudicado, alerta um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) que avalia o desempenho ambiental de 158 países, incluindo o Brasil. O estudo admite que muitos países estão comprometidos com o assunto, mas afirma que é preciso fazer mais.
No lançamento, o administrador internacional do PNUD, Kemal Dervis, destacou que os países em desenvolvimento têm de reconhecer que os recursos naturais têm um papel fundamental na pobreza. “Um meio ambiente sustentável é um benefício nacional, e, quando a natureza é prejudicada, as famílias mais pobres são as que mais sofrem”, declarou. “Esse relatório sublinha o progresso de alguns países em direção a um plano de desenvolvimento ambiental mais sustentável, mas também apresenta uma dura realidade: se o nosso delicado ecossistema não for colocado no centro de todos os planos nacionais para reduzir a pobreza, todos os outros esforços para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio até 2015 serão prejudicados”, destacou.
O relatório, intitulado Fazendo progresso na Sustentabilidade Ambiental: lições e recomendações de uma revisão de mais de 150 experiências de países relacionadas aos ODM, salienta que as nações devem aliar as ações de combate à pobreza com as atividades de redução da degradação ambiental. “Os recursos e condições ambientais têm um impacto significativo em muitos aspectos de pobreza e desenvolvimento, e alcançar a sustentabilidade ambiental é fundamental para alcançar todos os Objetivos do Milênio”, destaca o texto.
O documento exemplifica a questão com o caso do Quênia, que tem como um dos maiores desafios o desmatamento — nesse país da África, a lenha é a principal fonte de combustível que a população pobre usa para cozinhar e se aquecer. O mesmo acontece no Brasil, onde a lenha é usada em 8,5 milhões de domicílios. “Ao explorar os recursos naturais, as pessoas pobres impactam negativamente o meio ambiente, muitas vezes causando danos irreversíveis”, afirma o relatório.
“O alcance da sustentabilidade ambiental não é apenas uma preocupação nacional, pois tem significativas dimensões internacionais. Países que aliam o meio ambiente à redução da pobreza e a estratégias de desenvolvimento podem chegar a um grande negócio”, disse Achim Steiner, diretor-executivo do PNUMA, órgão parceiro na realização do documento. O relatório é parte de uma estratégia de trabalho elaborada para ajudar os países em desenvolvimento a preparar planos nacionais para alcançar os Objetivos do Milênio até 2015.
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Agência PNUD, 19/12/2006)