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2006-12-19
Obra suspensa, a estrutura não toca o solo, elevada apenas por toras diagonais de eucalipto tratado em autoclave. O concreto e o tijolo parecem flutuar. A natureza sustenta o prédio tornando-se o elo entre o homem e a terra. Após um ano de construção, este é o prédio do Centro Nacional de Apoio ao Manejo Florestal (Cenaflor) inaugurado ontem (18/12). São três andares mais um terraço tendo à volta uma imensa área verde no campus do Ibama sede em Brasília. Instituído pela Portaria Ibama n° 56/03 o Cenaflor já capacitou diretamente ou por meio de parcerias quase 300 profissionais das mais diversas áreas. Seu principal objetivo é proporcionar a difusão de técnicas de manejo florestal e exploração de impacto reduzido por meio de treinamento, capacitação e aplicação dessas técnicas para empresários e comunidades, além do apoio à pesquisa aplicada.

Estiveram presentes na inauguração, representando a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o Diretor Geral do Serviço Florestal Brasileiro, Tasso Azevedo, o Presidente do Ibama, Marcus Barros e o Diretor da Diretoria de Florestas, Antonio Carlos Hummel.

Em seu discurso de abertura do evento, Tasso Azevedo lembrou a importância e excelência dos centros especializados do Ibama. “Montar um sistema de rede a partir de um centro especializado do Ibama para trabalhar com manejo florestal é uma forma de fazer com que essas iniciativas ganhem consistência e se perpetuem”, informa. Para ele, a gestão compartilhada com os estados e a própria capacitação são as funções mais importantes do Cenaflor. “Não iremos treinar ninguém, mas articular resiliência por meio de um espaço construído para fazer com que as diferentes iniciativas sejam “normatizadas”, difundidas e aplicadas”, revela.

Para o presidente do Ibama, a continuidade é também uma de suas maiores preocupações. “A inauguração do prédio do Cenaflor é uma certeza de que a experiência do Pró-Manejo, iniciada por volta de 1994, não vai acabar”, diz. Segundo Barros, a visão da engenharia florestal, de que a plenitude vem com o uso da natureza com manejo, parcimônia, técnica e ciência está de pleno acordo com os princípios que basearam a consolidação do Centro. “Espero que o progresso não seja apenas uma alta taxa de crescimento, mas, principalmente, distribuição de renda e felicidade de nossos filhos e netos”, enfatiza.

“Enquanto o Pró-Manejo estava voltado para a Amazônia, o Cenaflor tem como função pensar as florestas como um todo, não só as do norte, mas também a caatinga, o cerrado, a mata atlântica e todas as áreas florestais do Brasil. Por isso, tem sede em Brasília”, informa o Diretor da Diretoria de Florestas. Para Hummel, “esta é uma das estacas fundamentais para deixar as florestas em pé, pois o Centro nasce com várias perspectivas favoráveis tanto financeiras quanto em termos de legislação”. Segundo o diretor, o grande desafio atual é a ampliação da equipe técnica.

Um dos grandes destaques do prédio é sua beleza e funcionalidade. Para Marcus Barros, “o Cenaflor expressa uma nova ideologia, pois é leve e compõe em harmonia o espaço com os outros prédios que aqui estão”. Dando continuidade à valorização dos servidores, o projeto é de autoria do arquiteto Roberto Lecomte e o acompanhamento da obra e cálculos estruturais do engenheiro Júlio Eustáquio, ambos do Laboratório de Produtos Florestais (LPF). Júlio é um dos poucos calculistas em madeira na região centro-oeste e responsável por obras especiais em madeira em locais de difícil acesso, como Antártida, Atol das Rocas e Arquipélago de São Pedro e São Paulo, o ponto mais distante da costa brasileira.

Para Lecomte, “o projeto é uma vitrine de soluções construtivas em madeira desenvolvidas pelo LPF”. Foram utilizadas madeiras tropicais alternativas de alta durabilidade como tuturubá, louro vermelho e cumaru, além do eucalipto de reflorestamento, aliadas a materiais convencionais como laje de concreto e paredes de alvenaria. A estrutura da cobertura é inédita, com arcos de madeira tropical cerrada e telha com isolamento termo-acústico com lã de rocha, o que permite um isolamento semelhante ao da cerâmica. A luz e a ventilação foram pensadas com princípios de conforto ambiental, de forma a minimizar o uso de ar-condicionado e luz elétrica. A idéia de obra suspensa permite que o jardim entre por baixo do prédio, proporcionando uma maior integração com a natureza circundante.
(Por Luis Lopes, Ibama, 18/12/2006)
http://www.ibama.gov.br/novo_ibama/paginas/materia.php?id_arq=4823

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