Em busca da causa da morte de toneladas de peixes no fim de semana, técnicos da Fundação
Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), do Batalhão Ambiental da Brigada Militar e da
Defesa Civil vasculharam ontem as águas do Rio dos Sinos.
A busca se concentrou principalmente no trecho onde ocorreu a mortandade: entre a foz do
Arroio Portão e o Pesqueiro, uma comunidade rural em Sapucaia do Sul.
- O diagnóstico do Sinos já sabemos: é um rio moribundo, onde todos os anos acontecem
tragédias que resultam em mortandade de peixes. O que estamos procurando são os motivos
pelos quais, nos últimos três anos, a mortandade em massa dos peixes vem acontecendo cada
vez mais cedo - diz André Milanez, do Serviço de Emergência Ambiental (Seamb) da Fepam.
Em 2004, os problemas começaram em fevereiro. No ano seguinte, em janeiro. Em 2006, em
outubro, quando 85 toneladas de peixes morreram devido à poluição industrial e doméstica
derramada no rio. No último fim de semana, dois meses depois da última grande mortandade,
15 toneladas de peixes morreram - e no mesmo trecho do rio em que aconteceu a tragédia de
outubro.
- Na tarde de hoje (ontem, 18/12), uma de nossas equipe navegou 12 quilômetros pelo rio (entre
Pesqueiro e a ponte na BR-116, em São Leopoldo) e não encontrou mais peixes morrendo. Mas
ainda há muito peixe morto descendo o rio - afirma Milanez.
Os peixes mortos são represados por uma bóia de contenção colocada no Pesqueiro. No
domingo (17/12), havia 15 toneladas de peixes mortos na bóia.
A investigação sobre a causa da mortandade prossegue. Hoje, em Porto Alegre, a pedido da
Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul, a Comissão de Assuntos
Municipais da Assembléia fará uma audiência pública para tratar dos desastres ambientais
das bacias dos rios do Sinos e Gravataí.
Saiba mais
> Além da poluição, outro fato notado pela equipe que investiga as causas de morte de peixes no Sinos foi a baixa taxa de oxigênio dissolvido na água, índice usado para saber se há condições de vida aquática em um rio.
> Para o Sinos, a Resolução 357, do Conselho Nacional do Meio Ambiente, considera que
o mínimo aceitável de oxigênio dissolvido na água seja maior do que quatro miligramas por
litro (mg/l). A equipe retirou amostras de seis pontos do rio. E todas acusaram resultados
inferiores a 4 mg/l, ou seja, ambiente hostil à vida.
> No dia 22 de novembro, ZH contratou o Laboratório Green Lab para fazer testes das águas
dos rios dos Sinos e Gravataí. Um dos exames era o de oxigênio dissolvido na água. O teste
no Sinos apontou menos de 0,2 mg/l.
> A Fepam diz que será ligada a linha de injeção de oxigênio instalada em novembro no
Pesqueiro.
(Por Carlos Wagner,
Zero Hora, 19/12/2006)