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2006-12-19
O florestamento está sendo uma nova matriz produtiva da região. Um exemplo de propriedade rural que aderiu a esta cultura é do produtor Miguel Bonotto, localizada na localidade de Joca Tavares.

Esta propriedade recebe todo acompanhamento técnico da Emater/Ascar-RS e está inserida no Programa Poupança Florestal da Votorantin Celulose Papel.

Bonotto aproveita a área de forma consorciada com outras culturas. De acordo com o engenheiro florestal da Emater de Bagé, Rodolfo César Forgiarini Perske, o consórcio no sistema agrossilvipastoril é possível em espaçamentos florestais convencionais ou em espaçamentos abertos.

Ele observa que as experiências de campo mostram que os ovinos são os primeiros animais a entrar no sistema, seguidos de terneiros e proporcionalmente ao crescimento das árvores, também aumenta o porte dos animais. As observações demonstram os benefícios aos animais principalmente nos rigores do clima, como estiagens, geadas e vento. Pelo ambiente ser protegido, diminuem os extremos de temperatura e os efeitos do vento, tanto aos animais como à pastagem, gerando o chamado conforto térmico. Os produtores relatam os seguintes benefícios gerados pelo ambiente protegido aos animais: menor mortalidade no inverno, melhor qualidade corporal e maior taxa de natalidade. “Existe um efeito benéfico da interação de espécies num sistema”, comenta.

Produtividade
Na propriedade rural de Bonotto, os eucaliptos foram plantados em novembro de 2005. Desta área o engenheiro florestal destaca a diversificação obtida, mesmo em espaçamento florestal convencional de 4x1,5m de eucalipto. Por se tratar de clone o crescimento atinge uma média de seis a sete metros de altura nos 45 hectares plantados com um ano de idade. Em dezembro de 2005 o produtor semeou três fileiras de milho nas entrelinhas do eucalipto, ocupando 35 hectares e obtendo 900 sacos de produção. É importante salientar a distância de 1,2 metro entre a cultura do milho e a do eucalipto para propiciar desenvolvimento a ambas.

Mesmo com a estiagem ocorrida de outubro a abril a produção foi superior à média local, considerando que o milho ocupou metade da área. A partir do quarto mês os ovinos foram introduzidos na área ainda com milho e a partir do sexto mês os terneiros. Um critério que deve ser levado em conta no momento de introduzir os animais no sistema é a uniformidade de crescimento das árvores, de modo que as menores tenham tamanho suficiente para comportar os animais. O engenheiro relata que é certo que havendo pasto disponível aos animais eles não atacam as árvores, porém pode haver prejuízos indiretos às árvores através do contato físico dos animais. Uma técnica preconizada em alguns casos é a introdução dos animais na área para pastoreio e posterior retirada. Sabe-se que estas possibilidades dizem respeito aos bovinos e não aos ovinos. O resultado das capinas, ou seja, a massa verde também foi usada na alimentação dos porcos da propriedade. Atualmente a área conta com 200 ovinos, 25 terneiros, ambos no sistema desde a sua introdução, cinco vacas, e, recentemente, houve a introdução de 20 caixas de abelhas.

Na avaliação do representante da Emater, com o passar do tempo as árvores aumentarão o sombreamento na área, diminuindo a forragem. No entanto, haverá animais na área devido à existência de espaços vazios entre os talhões plantados, resultado de aceiros, áreas úmidas e impróprias ao plantio e que necessitam ser mantidas limpas diminuindo os riscos de incêndio. Fator indireto é a diminuição de capinas e roçadas na área pela presença dos animais, como também o prejuízo causado pelas formigas pela constante presença do produtor na área. Os técnicos e produtores têm constatado no campo melhor produção no eucalipto e milho em relação às mesmas culturas quando plantadas solteiras.

Os resultados iniciais da pesquisa mostram tendências positivas desse sistema na Metade Sul, salientando a aptidão florestal demonstrada pelos estudos de viabilidade técnica. A pesquisa pondera que o risco da atividade está em “idéias conservadoras” que criticam os plantios florestais sem fundamentação científica. “É um sistema de produção com menores riscos de perda pelas influências climáticas, como também de mercado pela diversificação, porém requer domínio técnico das interações entre espécies para que todas tenham as condições necessárias à produção”, conclui.
(Jornal Minuano, 18/12/2006)
http://www.jornalminuano.com.br/noticia.php?id=11749

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