A carência de oxigênio causada pela poluição e agravada pela diminuição na vazão do Rio
dos Sinos, na Região Metropolitana, está provocando a agonia de centenas de peixes,
principalmente os jovens. A situação está acontecendo no trecho entre o Cais, próximo à
BR-116 Norte, no centro de São Leopoldo, e o Pesqueiro, uma comunidade rural no Passo do
Carioca, no município de Sapucaia do Sul.
A população ribeirinha teme que se repita a tragédia de outubro, quando 85 toneladas de
peixe morreram no trecho pela carência de oxigênio nas águas. No Sinos, existem mais de 70
espécies de peixes. Na sexta-feira, os mais atingidos pela falta de oxigênio eram os
jovens, descritos pelos técnicos em pesca como aqueles que ainda não se reproduziram. E o
lugar onde havia o maior número deles era em São Leopoldo, próximo à ponte sobre a BR-116
Norte.
Durante a manhã, Ilvanir da Silva Moreira, comandante do barco do Instituto Martim Pescador,
que estava parado, ligava os motores da embarcação para movimentar as águas e ajudar na
circulação do oxigênio.
Descendo o Sinos de São Leopoldo em direção à foz, fica o Passo do Carioca, onde trabalha o
barqueiro Emílio Antunes Rosa, 43 anos. Ele está assustado com o número de peixes jovens
agonizando.
- Os peixes começaram a ficar tontos no final da tarde de terça-feira - disse o barqueiro.
Foi justamente nas proximidades da barca de Emílio Rosa onde se acumulou a maioria dos
peixes mortos em outubro. Na sexta-feira, Jackson Müller, diretor técnico da Fepam, disse
que a situação está sendo monitorada. Segundo ele, a agonia dos peixes é um sinal de
alerta. Müller lembrou que o trecho do Sinos, entre São Leopoldo e o Pesqueiro, é o que
recebe a maior carga de poluentes da Região Metropolitana. E é justamente nesta parte do
rio que a diminuição da vazão está mais acentuada.
Causas da redução da vazão estão sendo investigadas
Pela medição feita em São Leopoldo no dia 29 de novembro, o rio corria a 98,7 metros por
segundo. Na de sexta-feira, corria a 11,9. Descontando os problemas naturais, Müller
descreve a diminuição da vazão como anormal. Há uma semana as causas dessa situação estão
sendo investigadas:
- Já temos algumas suspeitas do que possa estar causando a diminuição da vazão. Seria um
somatório da depredação dos recursos hídricos com problemas naturais. O certo é o
seguinte: se a vazão continuar a diminuir, teremos problemas.
(Por Carlos Wagner,
Zero Hora, 17/12/2006)