Dois meses depois de 85 toneladas de peixes morrerem nas águas do Rio dos Sinos por falta de oxigênio, a tragédia se repetiu. Desta vez pelo menos 15 toneladas de peixes foram atingidas no trecho entre a foz do Arroio Portão e o Pesqueiro, uma comunidade rural de Sapucaia do Sul.
A nova mortandade foi detectada no sábado pelo presidente do Instituto Martim Pescador, Henrique Prieto, quando fazia um passeio de barco. Técnicos da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) investigam o que aconteceu. Durante a última semana, eles alertavam que a redução da vazão do Sinos e a poluição, com a conseqüente diminuição do oxigênio da água, poderia levar à morte de peixes. No dia 29 de novembro, em São Leopoldo, o rio corria a 98,7 metros por segundo e na sexta-feira, a 11,9.
Para evitar que os peixes mortos se espalhassem, a Fepam colocou uma bóia de contenção na água, formando um espetáculo macabro, segundo a descrição de moradores ribeirinhos. O equipamento foi instalado na noite de sábado (16/12) no Pesqueiro e, ontem à tarde, os peixes mortos formavam um "tapete" de onde exalava mau cheiro.
Oxigênio deverá ser injetado na água
- É mais uma calamidade que acontece no rio - disse a dona de casa Rosileia Vieira, 30 anos, moradora do Pesqueiro, que se deslocou ontem até a beira dos Sinos com o filho Kauá, três anos, para ver o que estava acontecendo.
A situação deixou a comunidade assustada.
- Infelizmente aconteceu novamente. Pelos nossas contas, estão contidas nas bóias 15 toneladas de peixes mortos, e o volume vai aumentar nas próximas horas porque ainda há muitos boiando no rio - disse Jackson Müller, diretor técnico da Fepam.
Durante todo o dia de ontem, Müller navegou nos Sinos recolhendo amostras de águas, peixes mortos e sedimentos do rio para exames. Segundo ele, há uma diferença entre a atual mortandade e a tragédia ambiental ocorrida há dois meses.
Desta vez, uma grande quantidade peixes estava dentro do Arroio Portão, um dos afluentes mais poluídos dos Sinos. Na outra ocasião, a maior parte dos peixes mortos estava no Rio dos Sinos.
Hoje deve começar a retirada dos peixes mortos. A Fepam também deverá ligar a linha de injeção de oxigênio instala no Pesqueiro - equipamento instalado em novembro que injeta oxigênio nas águas. Além dessas providências, há a possibilidade de ser instalado uma máquina chamada aerador (ajuda a circular o oxigênio na água) na foz do Canal João Correa.
- São medidas paliativas. Mas é o que podemos fazer enquanto o problema não é resolvido definitivamente - disse Müller.
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Zero Hora , 18/12/2006)