Relatório da ONU alerta Brasil para mudanças no clima
2006-12-18
A agricultura brasileira continuará a sofrer o impacto de secas e mudanças climáticas em 2007, especialmente provocadas pelo El Niño. Segundo a ONU, a seca no Brasil em 2006 afetou a produção de soja em 11%. O Brasil ainda foi alvo de anomalias climáticas, como o calor de 44,6 graus em Bom Jesus (PI), um dos índices mais altos já atingidos na história do País. Em todo o mundo, foi o sexto ano mais quente da história.
"Pelo menos até os três ou quatro primeiros meses do ano (2007), os efeitos do El Niño continuarão a ser sentidos no Brasil, o que deve provocar chuva na costa oeste da América do Sul e seca no Nordeste e no centro do País", afirmou Michel Jarraud, secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), ligada à ONU.
A entidade destacou que, em 2006, as secas que atingiram o País tiveram também conseqüências devastadoras para a agricultura no Sul, principalmente no primeiro semestre. Um estudo coordenado pela Agência Nacional de Água (ANA) estimou que somente o Nordeste precisaria de investimentos de R$ 3,6 bilhões contra a seca.
As ondas de calor que atingiram o Brasil no início do ano também foram identificadas como uma das principais anomalias no que se refere à temperatura global. O registro de 44,6º C em Bom Jesus, no dia 31 de janeiro, seria um exemplo das mudanças climáticas. Dados apresentados na quinta-feira, 14, em Genebra, indicam que 2006 foi o sexto ano mais quente da história e, enquanto secas atingiam algumas regiões, chuvas nos Estados Unidos, Bolívia e Ásia causavam grandes prejuízos.
Em países como Inglaterra, Holanda e Dinamarca, o outono foi o mais quente nos últimos 350 anos. Em algumas regiões na Europa, como nos Alpes, a temperatura média foi 3 graus Celsius acima do normal, reduzindo o volume de neve nos picos das montanhas e causando prejuízos às estações de esqui.
A agência da ONU ainda destacou o aumento do número de secas e enchentes no mundo em 2006 em comparação com os anos anteriores, inclusive no Brasil. O ano marcou ainda pelo registro do maior buraco já visto na camada de ozônio, com 29,5 milhões de quilômetros quadrados. O tamanho supera o de 2005, recorde anterior.
(Por Jamil Chade, O Estado de S. Paulo, 15/12/2006)
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2006/dez/15/207.htm