Ibama lança campanha contra gado em unidade de conservação
2006-12-18
Hoje (18/12), no auditório do SESC de Madureira, às 14 horas, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) lança a Campanha Gado Zero, pioneira no combate à formação de pastagens em unidades de conservação ambiental. Simultaneamente, a Superintendência do Ibama no Rio de Janeiro realiza a doação um caminhão frigorífico carregado com catorze toneladas de carne de frango que foram permutadas pelo gado apreendido no Parque Nacional da Bocaina ao Programa Fome Zero.
As 74 cabeças de gado foram apreendidas durante a Operação Ceriá, uma ação conjunta de fiscalização em Angra e Paraty realizada no início de 2006. Os animais foram encontrados perambulando pelo parque e levados a uma fazenda, enquanto se tentava identificar os proprietários. Ninguém apareceu.
Após análises jurídicas, o instituto decidiu fazer a doação ao Fome Zero. Na prática, o Banco Rio de Alimentos do SESC-ARRJ, entidade de assistência social sem fins lucrativos parceira do Fome Zero, vai receber o gado já beneficiado em alimento, (trabalho de permuta realizado por parceiros do programa) em valor equivalente; cartoze toneladas de alimentos.
Na ocasião de lançamento da campanha Gado Zero será apresentado o primeiro Manual de Procedimentos e Normas de Apreensão de Gado em Unidade de Conservação. O diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Flávio Montiel, informa que a campanha vai distribuir folders e veicular spots em emissoras de rádio explicando ao proprietário que deixar suas criações pastarem em unidades de conservação é crime ambiental.
Também serão avisados do risco de apreensão dos animais e provável destinação ao Programa Fome Zero. A campanha prevê ainda elaboração de um manual de orientação para chefes das unidades de conservação, definindo procedimento padrão para a retirada de animais domésticos das áreas de proteção integral.
A presença de animais domésticos em parques nacionais é proibida pela Lei 9.985/00 que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Segundo o Superintendente do Ibama no Rio de Janeiro, Rogério Rocco, explica que são muitos os prejuízos ambientais advindos desse tipo de atividade e que esse problema não é exclusividade do Estado do Rio de Janeiro.
“É um dilema nacional variando apenas a espécie dependendo da região e precisa de uma mobilização maciça”. Jumentos pastam no Parna de Jericoacoara, no Ceará. Nos parques do Piauí, os caprinos são os invasores. Esses animais alteram os recursos naturais da unidade e impedem a regeneração da vegetação nativa. “No rastro do gado e do pasto, há iminência de queimada”, explica Flávio Montiel.
Devastação Ambiental
De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, SNUC, é crime ambiental a presença de gado em UC, porque a atividade altera completamente e muitas vezes, irreversivelmente, a fauna e a flora. Para a formação do pasto, é necessário queimar a mata, plantar braquiária, uma espécie de erva daninha que se alastra e toma conta da vegetação original, para, em seguida, o gado ser inserido.
Segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira- SVB, a Amazônia é um ótimo exemplo disto. Segundo ela, a cada ano são destruídos vários alqueires destas florestas. No entanto, ao contrário do que se pensa, as madeireiras, as rodovias e a ocupação desordenada desempenham apenas um papel secundário nesta destruição. A principal causa foi e continua sendo a remoção das florestas para dar lugar à cultura de soja que será utilizada para alimentar o gado de países desenvolvidos, ou para formar pastos que alimentarão o gado brasileiro.
(Ibama, 15/12/2006)
http://www.ibama.gov.br/novo_ibama/paginas/materia.php?id_arq=3962