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2006-12-18
Somente na Europa Ocidental, estima-se que o total de mortes relacionadas ao amianto nos próximos anos poderá exceder a 500 mil. Foi na Europa que ocorreram as primeiras proibições do uso do amianto, e, na Inglaterra, a taxa de mortalidade por mesotelioma, pós-banimento, ainda permanecerá próxima a 2.000 casos/ano, até 2010, sendo que 50.000 pessoas já morreram dessa doença, todas diretamente relacionadas à exposição ao amianto, naquele país.

A Conferência Européia sobre Amianto, ocorrida em Dresden, Alemanha, em 2003, que reuniu 160 participantes de todos os membros da União Européia e de países de fora da Europa, como o Brasil, a Tailândia e o Japão, reafirmou que o amianto permanece como o principal tóxico cancerígeno no ambiente de trabalho. Na maioria dos países, as doenças causadas pelas suas fibras estão entre as mais sérias e custosas doenças profissionais. A Conferência alertou para o fato de que, na Europa Ocidental, na América do Norte, no Japão e na Austrália, está prevista a ocorrência de 20.000 cânceres de pulmão induzidos pelo amianto e de 10.000 casos de mesotelioma por ano e sentenciou que, nos países em desenvolvimento, o risco é ainda maior que nos de economia estável, sendo que, nesses países, nos próximos 20 a 30 anos, o amianto se mostrará uma “bomba relógio” para a saúde.

Asbestose e mesotelioma: principais males
Asbestose e mesotelioma estão entre as principais doenças causadas pelo amianto.

A asbestose é uma pneumoconiose (fibrose pulmonar), provocada pelo amianto, que endurece o tecido pulmonar elástico em reação à irritação das fibras e das inflamações daí resultantes. A respiração, em conseqüência do enfrossamento e da calcificação dos tecidos conjuntivos cicatrizados, é afetada, e o perigo de uma pneumonia adicional aumenta. É uma doença de cunho eminentemente ocupacional. O sintoma principal é a respiração curta e forçada. Geralmente, o período de latência é superior a 10 anos, mas varia de acordo com o período de exposição do trabalhador.

O mesotelioma é um tumor maligno que se localiza no nível da pleura, do peritônio e do pericárdio. Admite-se que 90% dos casos identificados estão relacionados à exposição ao amianto. O crescimento incontrolável das células começa imperceptível e, inicialmente, não traz nenhum incômodo. As manifestações iniciais da doença em evolução são a tosse, a falta de ar e a dor difusa no peito. O tumor pode se manifestar de 10 a 60 anos pós-exposição e decorre, em média, a partir de 15 anos de exposição. Clinicamente, o mesotelioma tem um curso desfavorável, onde a sobrevida é de, aproximadamente, 12 a 18 meses, e nenhuma modalidade de tratamento convencional, como cirurgia, radioterapia e quimioterapia se revelaram promissoras em relação à sobrevida dos pacientes tratados.

Brasil beneficia 208 mil toneladas por ano
O Brasil mantém um beneficiamento de 208 mil toneladas/ano de amianto. Em 1988, essa quantidade era de 227 mil toneladas, segundo dados do Anuário Mineral Brasileiro de 1988 a 1997. O uso do amianto, atualmente, concentra-se nos produtos cimento-amianto ou fibrocimento, que representam 85% do consumo dessas fibras, seguido pelos materiais de fricção, que consomem cerca de 19% da produção; 3% representam os produtos têxteis; 1% a 2% correspondem à produção de juntas de vedação e demais produtos.
(Por Cláudia Viegas, AmbienteJÁ, 18/12/2006)

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