Operação do Ibama investiga madeireiras de Prainha, no Pará
2006-12-15
Dois engenheiros florestais e 10 fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), além de nove policiais militares, estão desde o último dia 25 na região do rio Uruará, em Prainha (PA).
O chefe substituto da Divisão de Controle e Fiscalização da superintendência do Ibama em Santarém (PA), Severiano Pontes, conta que a equipe deve permanecer em campo por mais cinco dias, visitando os planos de manejo madeireiro da região e investigando denúncias de retirada irregular de madeira.
“Hoje devemos mandar para área um helicóptero, com um técnico de geoprocessamento. Mas só visitando todos os planos de manejo e os pátios das madeireiras é que a gente vai conseguir checar se as toras lá equivalem ao total e às espécies autorizadas”, diz Pontes.
Segundo ele, ainda não há informações sobre os resultados parciais da operação por conta da grande dificuldade de comunicação com a região. Prainha ganhou destaque nacional nos últimos dois meses porque os moradores da zona rural do município bloquearam o rio Uruará, impedindo a passagem de balsas carregadas de madeira.
O presidente da Colônia de Pescadores (Z-31), Wadilson Oliveira Ferreira, revela que já houve três conflitos diretos entre os comunitários e os madeireiros. No primeiro, fiscais do Ibama foram à região – que fica a pelo menos 18 horas de viagem, partindo de Santarém – e apreenderam cinco balsas com cerca de 4 mil metros cúbicos de madeira sem autorização de transporte.
“Depois dessa ação os madeireiros voltaram a agir e a comunidade se mobilizou de novo, queimando as madeiras que estavam em uma balsa. Em novembro, atendendo a nosso pedido, houve uma audiência pública com a presença do superintendente do Ibama. Logo depois, a retirada ilegal de madeira cresceu novamente e voltamos a impedir a passagem das balsas. Na ocasião, lideranças foram presas junto com um representante do Ministério Público e com um cinegrafista italiano”, conta Ferreira.
O presidente da Colônia de Pescadores afirma ainda que a atuação de madeireiras na região está prejudicando o trabalho e a saúde dos moradores tradicionais da área. “Os danos para as comunidades são inúmeros, não só da parte ambiental. As pessoas estão impedidas de transitar livremente pela floresta e o número de infecções intestinais e diarréias é grande, porque a água do rio está poluída com os resíduos tóxicos dos produtos que as empresas passam nas madeiras.”
Ferreira está em Santarém participando do V Encontro das Iniciativas Promissoras do Projeto Manejo dos Recursos Naturais da Várzea do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (ProVárzea/Ibama).
(Por Thaís Brianezi, Agência Brasil, 14/12/2006)
http://www.ecoagencia.com.br/index.php?option=content&task=view&id=2012&Itemid=2