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2006-12-15
A estiagem que afeta a região Sul nos meses de verão é uma preocupação constante para os agricultores. O período de pouca chuva é comum nos Estados, mas têm se tornado mais forte e prolongado nos últimos anos, devido, segundo pesquisadores, ao aquecimento das temperaturas do planeta pela poluição. Esse processo altera o clima e também aumenta os prejuízos das estiagens, tanto para os grandes como para os pequenos agricultores.

José Enoir Daniel, engenheiro agrônomo da Emater, explica que se o agricultor já não adotou algumas medidas de precaução à estiagem, não há muito o que fazer neste momento. Os cuidados devem ser tomados na época de plantio de cada cultivo, procurando semear antes para não pegar o forte da estiagem, que se concentra nos meses de janeiro e fevereiro.

No entanto, José Enoir acredita que a irrigação deverá se transformar na alternativa mais viável para que a agricultura familiar enfrente as estiagens. Armazenando a água da chuva e construindo micro açudes com capacidade de até 10 mil m3, por exemplo, daria para suprir com irrigação três hectares de plantio.

"Sendo a irrigação por gotejamento, ou até aspersão, isso daria uma tranqüilidade ao pequeno agricultor e preservaria as culturas das estiagens que são praticamente normais. A gente acha que as estiagens são anormais no Estado, mas de dez anos, sete foram atingidos por estiagens. A irrigação é uma necessidade ao Rio Grande do Sul", diz.

Diferentemente das grandes irrigações em lavouras de arroz, que geralmente danificam o meio ambiente, a irrigação em pequenas propriedades não traz prejuízos. O engenheiro agrônomo afirma que, pelo contrário, contribui à natureza. "Para armazenar 10 mil m3 de água na propriedade, recolher essa água da chuva natural até é benefício ao meio ambiente. Uma chuva de 100mm, essa água escorre pelas coxilhas e ocorre inundação. Então, se na propriedade fizessem um açude, a água seria preservada", argumenta.

A Emater calcula que o custo seria, em média, de R$ 5 mil por hectare. No entanto, há outras experiências que têm se mostrado mais em conta. O Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) está desenvolvendo, no município de Encruzilhada do Sul, um sistema de irrigação que sai em torno de R$ 3 mil por hectare. Entre as dificuldades encontradas pelo grupo está o financiamento. Pelo Pronaf pode ser retirado até R$ 27 mil por safra, quase o custo para implementar o sistema de irrigação em uma área de 10 hectares, como avalia Samuel Rutz.

"A maioria dos pequenos agricultores que atinge o Pronaf já atingiu o teto dele, então seria necessário uma linha de crédito especial para isso. Outro limite são os licenciamentos ambientais, pois poucos municípios estão habilitados para fazer isso na própria cidade", afirma.

Para Samuel, a experincia do Paraná em irrigação poderia servir de exemplo ao Rio Grande do Sul. No Estado paraneaense existe o Programa de Irrigação à Noite. A iniciativa, que conta com o governo estadual, a Secretaria do Meio Ambiente, a Emater e a empresa pública de energia elétrica consiste em utilizar a noite para irrigar as lavouras, período em que a luz elétrica chega a ser 60% mais barata.
(Por Raquel Casiraghi, Agência Chasque de Notícias, 13/12/2006)
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