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2006-12-15
Nos próximos 25 anos, a globalização permitirá um aumento da renda média da população mundial mais rápido do que o registrado entre 1980 e 2005. Entretanto, se isto não for gerido de forma adequada, poderá agravar as desigualdades sociais e os danos ambientais, alertou o Banco Mundial. Para 2030, 1,2 bilhão de pessoas, 15% da população do planeta, farão parte da classe média mundial, agora constituída por 400 milhões.

Mas o aumento da riqueza pode aprofundar as desigualdades de renda e as pressões ambientais, diz o Banco em seu estudo “Perspectivas econômicas mundiais 2007: Enfrentar a nova etapa da globalização”, divulgado nesta quarta-feira. Várias organizações não-governamentais acreditam que as advertências da instituição são inconsistentes com sua posição sobre o livre comércio. Nos próximos 25 anos, o crescimento da economia mundial será impulsionado cada vez mais pelos países em desenvolvimento, particularmente os da Ásia, diz o documento.

A economia mundial poderá passar dos US$ 35 trilhões em 2005 e chegar a US$ 72 trilhões em 2030. A participação do Sul na produção mundial crescerá de um quinto para quase um terço, prevê o informe. Apesar do esperado crescimento da população mundial para oito bilhões de habitantes até 2030, o número de pessoas com renda inferior a um dólar diário cairá dos 1,1 bilhão atuais para 550 milhões. A classe média irá triplicar, já que mais pessoas em países em desenvolvimento estarão passando da agricultura para empregos melhor remunerados na indústria e nos serviços.

Para 2030, 1,2 milhão de pessoas ganharão entre US$ 4 mil e US$ 17 mil por ano. Isto dará a países tão diversos como China, México e Turquia um padrão de vida médio comparável com o da Espanha atual. Mas o aumento da riqueza terá custos sociais e ambientais. A África é o continente que ficará mais atrasado devido à sua fragilidade política e vulnerabilidade diante das flutuações dos preços das matérias-primas. Em dois terços dos países em desenvolvimento a brecha entre a renda dos ricos e pobres aumentará, prevê o Banco Mundial.

Isto porque uma economia global mais integrada oferece melhores oportunidades para os que têm mais estudos, enquanto os trabalhadores sem capacitação deverão competir duramente e provavelmente tenham de aceitar salários inferiores para se manterem no emprego. As pressões do mercado trabalhista serão parcialmente contrapostas pela fome da China e Índia por energia, tecnologia e bens de investimento. Os investimentos em pesquisa, educação e capacitação se tornarão mais importantes para sobreviver em uma economia mundial altamente competitiva.

O informe propõe um aumento na ajuda ao desenvolvimento e o fim das barreiras aos produtos do Sul, especialmente os agrícolas e os das manufaturas intensivas. Para Etienne De Belder, da organização humanitária Oxfam, os conselhos do Banco Mundial carecem de consistência. “Os países que seguiram o modelo de desenvolvimento baseado nas exportações proposto por essa instituição ficaram com uma ressaca social e econômica. Só se via o empobrecimento na África subsaariana ou o desmatamento na Indonésia”, disse à IPS. O Banco não está aprendendo com o passado e se encontra em uma posição ruim para dar lições para o futuro, acrescentou Belder.

“Não se pode promover uma liberalização econômica e ao mesmo tempo pedir mais regras para solucionar os problemas ecológicos e sociais. Os empresários da África não estão prontos para se colocarem diante da competição mundial. Enquanto persistirem as desigualdades não haverá um livre comércio benéfico para todas as partes”, afirmou Belder.
(Por Mattias Creffier, IPS, 14/12/2006)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=25845&edt=1

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