A conjugação de três fenômenos deixou secas as torneiras de Guaíba e Eldorado do Sul, na
Região Metropolitana. A falta de água atormentou mais de 130 mil pessoas nos dois
municípios.
O principal problema é a falta de chuva na região. Entre setembro e dezembro, choveu quase
a metade do que costumava chover nesta época do ano nas últimas três décadas. O Guaíba
normalmente está 60 centímetros acima do nível do mar, podendo chegar a um metro, em meses
de inverno. A medição feita dois dias atrás aponta que ele está 20 centímetros acima do
nível do mar.
O resultado é que grandes bancos de areia começam a surgir e o baixo nível das águas
dificulta a captação, por parte das bombas, do líquido que será fornecido à população.
Em Guaíba, a canalização utilizada pela Corsan avança 220 metros água adentro. O
equipamento deveria estar bombeando 480 litros de água por segundo, mas em alguns momentos
do dia de ontem parou o procedimento, porque a ponta do tubo não encontrava água. O
resultado foi a interrupção do abastecimento.
Outros dois fenômenos contribuem para a escassez. Um deles é o aumento do consumo de água
nesta época de calor. O outro é que tem soprado vento noroeste, que acaba fazendo com que
a água do Guaíba desça mais rápido para a Lagoa dos Patos.
A Corsan não montou plano para abastecimento de emergência de Guaíba e Eldorado do Sul
porque acredita que a mudança no vento normalizará a captação - isso começou a acontecer
ao final da tarde de ontem. Há também previsão de chuva para a próxima quinzena, conforme
a Central de Meteorologia. Antes da próxima terça-feira, não deve chover forte na Região
Metropolitana.
Em Porto Alegre, a captação de água não corre risco, mesmo quando o nível do Guaíba é
baixo. Quem garante é o superintendente de operações do Departamento Municipal de Água e
Esgotos (Dmae), Valdir Flores.
(
Zero Hora, 14/12/2006)